SPFW N59: Entre estruturas e sentidos, João Pimenta redesenha a moda
Para a SPFW N59, na Sala São Paulo, João Pimenta revisita sua trajetória com uma coleção que une técnica, intuição e design estrutural, transformando a alfaiataria em arte viva.
Ele escolheu chamar a nova coleção de “Construção”, mas bem que poderia tê-la batizado de “Desconstrução”, isso porque João Pimenta revistou a própria obra e reinventou as modelagens clássicas que compõem os seus arquivos. Maior nome da moda masculina do Sul global, nesta edição do SPFW, João ocupou a Sala São Paulo, numa manhã cinzenta e que poderia muito bem ser monótona. Mas não foi. Teve trilha sonora ao vivo, dedilhada pelo “urbanjazzista” Jonathan Ferr, e passarela desenhada entre as fileiras de poltronas do espaço cultural. Os modelos apresentaram a alta alfaiataria, criada com os efeitos tridimensionais da moulage, cartela de cor chique - do café ao cinza, do bege ao caramelo -, tecidos elegantes, sobreposições bem pensadas e shapes com ombros avantajados, cintura marcada e linhas exageradas, quase arquitetônicas. Por sinal, o design foi um dos vieses usados pelo estilista, que se debruçou no estruturalismo e na quebra dos padrões para, mais uma vez, reger os costumes com maestria. Nesta coletânea, João deixou de lado as referências femininas para apostar na ageneralidade e nas técnicas mais artesanais e intuitivas. Para o grand finale, a top Bárbara Fialho entrou em cena a bordo de um terno com pseudo patchwork em entretons do cinza, destacando a essência poderosa da marca. Essa é a pimenta que faz a moda ser deliciosamente devorada.