Gastronomia

Frevo combina criatividade e experiência íntima com sabores globais

Frevo, restaurante do chef brasileiro Franco Sampogna, combina criatividade e uma experiência íntima

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O chef Franco Sampogna - Foto: Divulgação.

Frevo, restaurante do chef brasileiro Franco Sampogna, combina criatividade e uma experiência íntima, celebrando a efervescência da cidade com sabores globais e práticas sustentáveis.

Depois de uma longa jornada cruzando o Atlântico, desembarquei no movimentado aeroporto JFK, em Nova York, vindo de Paris. O cansaço da viagem foi rapidamente substituído pela excitação de um encontro marcado com a alta gastronomia nova-iorquina. Após um banho revigorante no hotel, caminhei pelas ruas de Greenwich Village com um destino em mente: o Frevo, na 48 W 8th St, restaurante que há meses despertava minha curiosidade. O chef brasileiro Franco Sampogna, com seu projeto intimista, havia plantado em mim a semente da expectativa, e finalmente era hora de colher essa experiência. O projeto é o primeiro empreendimento do cozinheiro na cidade, fruto de anos de trabalho, dedicação e resiliência. A fachada discreta esconde o que está por vir. Como em uma peça de teatro que começa antes mesmo do primeiro ato, somos recebidos em uma pequena galeria de arte. A exposição do momento é do vibrante Akacorleone, mas, como tudo no Frevo, o cenário está sempre em mudança. Uma porta oculta nos leva ao interior do restaurante, no qual o ambiente é acolhedor e envolvente: um grande balcão com apenas 16 lugares, iluminação suave, música que embala na medida certa. É nesse pequeno espaço que Franco, ao lado de seu sócio português, Bernardo Silva, orquestra um menu degustação em que a criatividade e a leveza dançam em perfeita harmonia. O nome Frevo, com suas raízes na palavra portuguesa “ferver”, carrega em si a efervescência da cidade e a paixão de seus fundadores. A proposta é clara: uma experiência gastronômica sem ostentação, mas com ritmo preciso, na qual cada prato conta uma história curta. Franco, natural do Espírito Santo e com uma sólida trajetória ao lado de chefs estrelados como Alain Ducasse, transforma ingredientes de alta qualidade em verdadeiras obras de arte, surpreendendo paladares com sua inventividade global. Sua cozinha é um espelho da sua essência: diversa, vibrante, em constante evolução. 

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Vieiras com açafrão e amaretto - Foto: Divulgação.

A PROPOSTA É CLARA: UMA experiência GASTRONÔMICA sem OSTENTAÇÕES, MAS COM ritmo PRECISO, NA QUAL cada prato CONTA UMA história CURTA.

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O ambiente do Frevo em Nova York - Foto: Divulgação.

O jantar começa com uma carne de vaca defumada, acompanhada de shiso, ovas de truta e nori. A primeira mordida revela uma textura delicadamente crocante por fora e macia por dentro, uma explosão de sabores que provoca os sentidos. Logo em seguida, a abóbora com parmesão e trufa, apresentada em forma de donut, é uma proeza que já me deixa com saudade. Cada prato que chega ao balcão é uma surpresa, como o linguado leve e equilibrado com maçã, palmito e vermute. Como bom francês que sou, o pão é um ritual sagrado, e o chef sabe disso. Ele traz à mesa um pão de leite macio, acompanhado de manteiga feita à base de tofu. Delicado e incrivelmente saboroso, é um prelúdio para o atum marinado no aji amarillo, servido com abacate e manjericão, uma obra-prima. A abobrinha, crocante e al dente, chega acompanhada de pistache, estragão e curry verde, enquanto o lagostim, com arroz koshihikari frio e alcaparras, eleva o jantar a um novo patamar. Não posso deixar de aplaudir quando o cordeiro grelhado com especiarias e cogumelos cantarelos faz sua entrada triunfal. E quando você pensa que já experimentou o melhor da noite, o ponto alto se revela: um queijo Comté curado por 36 meses, delicadamente ralado, servido com sorvete e mel. O fim, porém, ainda guarda uma última surpresa. A sobremesa de avelã com missô, baunilha e manga é uma ode à indulgência, o fechamento perfeito para uma noite memorável. Todo esse espetáculo gastronômico seria incompleto sem os vinhos cuidadosamente escolhidos por Quentin Vauléon, sommelier que, em 2017, foi eleito o melhor jovem sommelier da França. No Frevo, 95% dos vinhos vêm de vinhedos biodinâmicos, nos quais o uso de enxofre é mínimo, refletindo o compromisso da casa com práticas sustentáveis. O Frevo é muito mais do que um restaurante; é um universo cuidadosamente planejado, no qual cada detalhe é pensado para criar uma experiência singular. Com uma equipe jovem, cheia de energia e ideias inovadoras, já se consagra como um destino obrigatório em Nova York, uma verdadeira joia no coração vibrante da cidade. Bravo, Franco Sampogna.

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Donut de abóbora com parmesão e trufa negra - Foto: Divulgação.

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