Paracetamol: pode matar e é a principal causa de falência do fígado
Consumido indiscriminadamente pelos americanos, cerca de 49 mil toneladas anualmente, o paracetamol pode causar overdose e é a principal causa de falência do fígado, afirma pesquisa.
O paracetamol, um dos remédios mais consumidos em todo mundo, pode ser comprado tranquilamente em qualquer farmácia sem a necessidade de uma receita médica. Porém, o medicamento de quase 1 século não tem sua eficácia totalmente comprovada e não existem dados concretos de como é o seu mecanismo de ação no corpo humano. Além disso, em determinados tipos de dores, como a lombar, seus efeitos não são maiores que a de um placebo - substância sem nenhum tipo de efeito terapêutico. Para tratamentos de artrite no joelho ou no quadril, por exemplo, o efeito para os cientistas foi positivo, mas considerado “pequeno”.
“O mecanismo de ação do paracetamol ainda não foi completamente esclarecido. É provável que ele tenha algum efeito na forma como nosso corpo ‘entende’ a dor no sistema nervoso central e no cérebro, além de provavelmente agir em regiões periféricas onde há inflamação”, afirma o médico Philip Conaghan, professor de Medicina Musculoesquelética da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Consumido indiscriminadamente pelos americanos, cerca de 49 mil toneladas anualmente, o que representa 298 compridos por pessoa, o paracetamol para diversos especialistas pode causar overdose e é a principal causa de falência do fígado em países como EUA e Reino Unido.
A Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana, estima que a substância esteja presente na fórmula de mais de 600 produtos farmacêuticos diferentes, o que dificulta ainda mais seu rastreio e malefícios.
Os estudos americanos comprovam que overdoses de paracetamol entre 1998 e 2003, foram a principal causa de falência hepática. O mais preocupante é que em 48% dos casos, a overdose foi acidental, pois as vítimas não sabiam que tinham ultrapassado o limite diário de 4 gramas (ou 4 mil miligramas) por dia para os adultos. Outra pesquisa de 2007 também estimou que o uso indiscriminado do paracetamol levou 56 mil visitas ao pronto-socorro, 26 mil hospitalizações e 458 mortes por ano.
O fígado, responsável por metabolizar o fármaco, é o principal órgão afetado, já que cerca de 5% do remédio se transforma em quinoneimina, substância tóxica para o corpo e que nessa porcentagem não é possível ser neutralizada. Dessa forma, o fígado passa a funcionar de forma descompensada e gera um quadro de falência hepática aguda, que ocasiona aumento do risco de morte, internação e necessidade de transplante.
