Pedro Scooby tira onda em entrevista exclusiva
Vivendo um momento crescente na carreira, o big rider Pedro Scooby, mantém os pés no chão e a cabeça voltada para um futuro com a família e o bem-estar coletivo
Pedro Scooby na estrada da Água Grande, em Vista Alegre, zona Norte carioca praticava manobras esportivas aos fins de semana. Mas ao contrário do que o nome do logradouro sugere, não havia ondas volumosas por ali, mas, sim, a escadaria de uma loja de tintas, onde ao lado de outras crianças, Scooby andava de skate. Do bairro em que a avó morava, o “twist of a rock star and a spiritual guru” – como se autodefine nas redes sociais – guarda a recordação de cortar o cabelo na barbearia do avô, pegar um dinheirinho para tomar sorvete e a liberdade de brincar na rua. Se pudesse voltar no tempo e dar um recado para aquele menino que se tornaria um dos ícones do big rider, a mensagem seria curta: “Vai lá e faz tudo igual. Não mude nada porque deu certo”.
Deu certo, é verdade, mas engana-se quem pensa que foi moleza. “As memórias que tenho de infância foram até os meus 12 anos. Depois dessa idade, tudo o que me lembro é ligado ao mundo do surfe. Então, você acaba abrindo mão do brincar para viver para o esporte. O tempo que sobrava depois da escola era para treinar”, conta. O esforço foi recompensado e o menino que sempre quis ser surfista profissional comemora poder viver o sonho de infância.
No dia da entrevista para a L’Officiel Hommes, Scooby estava em casa, em Portugal, recém-chegado de uma agenda intensa no Brasil. Em vez de descansar, ele tinha passado por um treinamento puxado de cárdio – parte dos preparativos para a próxima temporada. “Saí tonto, com vontade de vomitar. Mas é necessário levar o meu corpo até o limite para ter resistência quando eu estiver pegando uma onda gigante”, diz. Outro aliado de Scooby é o preparo mental. “Ter mente de atleta é saber que são muitas as barreiras ultrapassadas para realizar o sonho de viver do esporte. São muitas as dificuldades pelo caminho, como falta de patrocínio, uma viagem obrigatória, uma bateria que você tem que vencer. Depois que comecei a pegar ondas gigantes, entendi que se você sofre um acidente, precisa dar a volta por cima e continuar.”
Cada onda que ele domina vem com gostinho de superação e de satisfação. Uma das últimas grandalhonas que pegou foi durante o Nazaré Tow Surfing Challenge, em dezembro de 2021, e que o credenciou a concorrer ao “Oscar” do surfe, o Big Wave Awards 2022, em duas categorias, surfista do ano e maior onda surfada. O resultado será divulgado em julho. Esse é um dos motivos pelo qual Pedro avalia que antes de ingressar no reality show Big Brother Brasil, no início deste ano, começou a colher os frutos do trabalho de uma vida inteira. “É engraçado as pessoas acharem que a minha carreira começou no BBB. Tenho vários projetos em andamento que já existiam antes do programa, mas que estão sendo lançados agora. Entendo que os outros trabalhos que estão surgindo por causa da tevê são uma espécie de bonificação. Encarei o BBB como uma experiência de vida, um trampolim para mostrar mais sobre o meu trabalho, mas nada além disso”, confessa.
É inegável a ampliação da visibilidade do reality em canal aberto. Um reflexo é o perfil do Instagram do surfista, que antes do confinamento na casa tinha pouco menos de dois milhões de seguidores – o que já é uma métrica poderosa –, atualmente ultrapassa os seis milhões de fãs. Uma consequência direta é a chuva de posts patrocinados. “As ‘publis’ são trabalho, dinheiro, uma recompensa de tudo o que mostrei nos três meses em que passei lá dentro. Vejo que, de alguma forma, estou entregando algo legal para as pessoas. Mas sou um cara muito pé no chão para saber que a melhor onda da minha vida é a família e a carreira no surfe.”
“TER MENTE de ATLETA é SABER QUE SÃO MUITAS as BARREIRAS ULTRAPASSADAS PARA REALIZAR o SONHO de VIVER do ESPORTE. SÃO MUITAS as DIFICULDADES PELO CAMINHO, COMO FALTA de PATROCÍNIO, UMA VIAGEM OBRIGATÓRIA, uma BATERIA que VOCÊ TEM que VENCER...”
Na edição deste ano da São Paulo Fashion Week, Scooby fez a sua estreia na passarela da grife Silverio, de Rafael Silverio. “Admiro muito o mundo da moda. No surfe, a irreverência é a minha qualidade, tenho um estilo próprio de surfar. Então, a moda também faz com que carregue um estilo de como eu me mostro para as pessoas, criando a minha identidade. A moda também é uma forma de as pessoas saberem quem sou apenas pelo meu visual.”
Casado no papel com a modelo Cintia Dicker desde 2021 – a festa será na Bahia, em outubro deste ano –, ele recebeu dela a dica para arrasar no début no palco fashion. “Olha para a frente e sai andando, você não precisa andar perfeito, como um modelo. Vai lá e se joga. E eu fui lá e me joguei.” O laço com o mundo da moda ficará ainda mais estreito a partir do dia 10 de agosto – data em que celebra 34 anos – com o lançamento da coleção de roupas que vai levar o seu nome, uma collab com a Quicksilver. O público pode esperar referências pessoais, como a cor preta, além da vibe do surfe, evidentemente. O dia do seu aniversário também vai marcar a estreia da série documental biográfica, uma parceria com o Canal Off e o Globoplay. A festa será em Curicica, bairro onde nasceu e foi criado, na zona Oeste do Rio, com direito a telão e show.
A nova idade também serve como lembrete, já que ele tem em mente os 38 anos para aposentar a prancha. “Ninguém surfa a vida inteira. Faço um esporte que mata, então, uma hora preciso parar. Quero parar no auge da carreira que, neste momento, está em ascensão. Quero acalmar e cuidar dos meus filhos e de outros projetos pessoais.” A pausa não envolve uma paradinha na praia. “Vivo no mar, estar no mato é bom para descansar. Estou construindo uma casa em Passa Quatro (MG), lugar pelo qual sou apaixonado, em um vale cheio de cachoeiras bem à beira do meu terreno. É um local que vou gostar de estar com as crianças, descansar e criar cavalos.”
Uma das imagens que deixou no reality é a do cara de quem todo mundo quer ser amigo. “Amizade é conexão, não se compra, não se combina. Eu me doo para os meus amigos, gosto de estar junto, mas amizade não é estar o tempo todo perto, mas, sim, saber que pode contar. Sou esse cara que os meus amigos sabem que podem contar”, afirma.
Além da lenda do basquete Kobe Bryant, o ala-armador do Los Angeles Lakers, que morreu em um acidente aéreo em 2020, outro ídolo que Scooby tem no esporte é um de seus grandes amigos. Apesar de flamenguista infiltrado numa família de vascaínos, Scooby acompanha pouco futebol, mas o suficiente para admirar Neymar. “É um atleta dedicado, focado, mesmo com críticas e lesões, ele sempre deu a volta por cima. Fala o que pensa e é um exemplo de humildade, um cara que cumprimenta e fala com todo mundo nos lugares onde chega.”
Em outras iniciativas, o atleta é sócio da Mamba Water, primeira marca brasileira de água 100% em lata, que visa diminuir o consumo de plástico e reverter parte das vendas para programas de acesso à água potável no Brasil. Além disso, ele planeja criar um instituto para ajudar famílias do Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense (RJ). “É o mínimo que posso fazer depois de tanto carinho que recebo. Isso é algo que vem do coração, mas é importante divulgar para servir de incentivo para outras pessoas ajudarem.” O contato com o bairro se intensificou durante a pandemia. “Peguei uma caminhonete e fiz várias viagens levando itens de primeira necessidade. Juntei uma turma com poder aquisitivo alto e consegui arrancar um dinheiro deles. Liguei para outro parceiro, que lidera o projeto ‘Corrente pelo Bem’, e viabilizamos esse auxílio para os mais vulneráveis.” É de gente assim que o mundo precisa!
