Mariana Genoveze faz joias poéticas em sua marca Ada Love
Sopro precioso! Mariana Genoveze transforma, ela mesma, vidro com metais vaporizados em joias poéticas para a sua marca Ada Love. Confira e apaixone-se!
Técnica conhecida pelos fenícios bem antes da era de Cristo, no Oriente Médio, o vidro soprado ganhou fama mesmo quando chegou à Itália, principalmente na cidade de Murano, para onde os artesãos de Veneza se mudaram em busca de instalações físicas mais seguras do que suas casas de madeira – os incêndios eram frequentes. O processo sigiloso, que era passado de pai para filho, é sedutor. Nele, podem ser usados tipos variados de vidro, além do famoso murano. Para ser moldado, o material é aquecido e ganha consistência líquida. “Tenho percebido que todo meu trabalho envolve fogo. Nessa parte, é semelhante ao que acontece com o ouro e a prata”, explica a designer Mariana Genoveze, que anda apaixonada pelas possibilidades do antigo método.
Utilizando o resistente borossilicato – o mesmo usado pela marca Pyrex em seus populares potes – importado dos Estados Unidos e da Índia, Mariana vem criando brincos e pingentes em formato de bolhas e fios. “Requer cuidado, mas não quebra tão fácil como um vidro comum”, observa. Quando acrescenta ouro vaporizado, chega às cores roxo, rosa e laranja; já com a adição de prata obtém azul royal e amarelo, que dão a cara da primeira série. No mercado há oito anos, Mariana conta que vem se surpreendendo com o feedback e o interesse do público na conta da marca no Instagram. Tanto que, ainda que esteja trabalhando com o vidro há apenas sete meses, as linhas Bolha, Fio e Ânfora são sucesso entre os clientes. Também elevou a sua marca, a Ada Love, ao patamar das queridinhas da última edição do Futuro Mercado, em dezembro.
A designer conta que aprendeu a técnica com a joalheira espanhola Agustina Ros. “No Brasil, há pouquíssimas pessoas trabalhando com vidro soprado, principalmente na joalheria”, contextualiza Mariana, que assina todas as etapas, do desenho à finalização. “Só terceirizo o banho (galvanoplastia) de metais reciclados”, diz ela, acrescentando que é um aprendizado constante entre acertos e erros. “Uma vez, aqueci muito o vidro; explodiu e virou purpurina. Assustador e lindo ao mesmo tempo”, recorda. Além do sopro, a designer faz anéis com vidro moldado usando maçarico. Foi esse envolvimento íntimo com o fazer que desviou seu caminho da moda. “Já durante a graduação me incomodava o sistema descentralizado de produção. Comecei a me aproximar da joalheria ainda no curso”, conta ela, acrescentando que pretende manter esse ritmo mais intimista enquanto puder.
O ano de 2021 foi época de rebrand. Gnovz, desde a criação da marca em 2015, passou a se chamar Ada Love. “Queria um nome mais forte e de fácil pronúncia”, revela. A inspiração veio de Ada Lovelace, como é mais conhecida Augusta Ada Byron King, Condessa de Lovelace, única filha legítima do poeta Lord Byron. É da inglesa a criação do primeiro algoritmo, ainda no século 19, para ser processado por uma máquina, no caso, a máquina analítica do cientista e matemático Charles Babbage, pioneiro na ciência da computação. “Pesquisei mulheres à frente do seu tempo e que não tiveram o merecido reconhecimento”, comenta Mariana sobre a escolha. Ainda que a atuação de Ada Lovelace tenha sido no campo das exatas, agrega a ideia de transformação que vem junto com a alquimia de transformar vidro e metal.