Ana Luisa Fernandes, head da Aluf, em entrevista exclusiva
Momento capturado! Ana Luisa Fernandes, criadora e mente criativa da marca Aluf, conversa com a L'Officiel Brasil e, em entrevista exclusiva, conta sobre seu processo criativo e planos futuros. Confira!
Quando Ana Luisa Fernandes surgiu para a moda, dentro do Projeto Estufa no SPFW, era uma garota de 23 anos recém-saída da faculdade e com muitas vontades na cabeça. Era outubro de 2018 e ela fazia o primeiro desfile da Aluf, marca nascida do seu TCC, baseada em shapes orgânicos, tratando as roupas como objetos vestíveis e o processo de criação como uma grande psicanálise interna da eterna questão entre a moda e a arte. Agora, quatro anos depois, a Aluf tem outro caminho: prepara abertura de uma segunda loja, lançou podcast que tem discutido questões do mercado (apostando em uma comunicação direta e educativa com quem está disposto a entrar nele) e tem o seu universo estético já solidificado. Tanto que prepara um retorno às passarelas com desfile solo, no fim do mês, para marcar esse ponto de virada, incluindo o lançamento de uma linha de peças preciosas e feitas sob encomenda.
No ateliê, dentro da curvilínea loja dos Jardins, inaugurada logo no pós-quarentena, Ana Luisa conversou com L’OFFICIEL sobre esse novo momento construído quase em silêncio, dentro da sua bolha, e a suas visões sobre o que vem por aí.
L’OFFICIEL Da última vez que a Aluf desfilou, em 2019, ainda era uma marca júnior. Agora, a sua primeira loja já completou um ano e prepara a segunda. Esse desfile é um momento de mostrar que se tornou um nome de peso?
ANA LUISA FERNANDES Super, sim. Tanto que o nosso receio de voltar ao presencial é que não podíamos fazer esse retorno com um desfile qualquer, num lugar que não tenha a ver conosco. A Aluf mudou muito nesse tempo em que não nos apresentamos, as pessoas também esperam outra estrutura. Não é possível voltar ao ponto em que paramos. A marca existe há mais tempo fora da passarela e dentro de pandemia do que em passarela. Então era uma preocupação nossa: como organizaríamos tudo de uma forma que fizesse sentido para a Aluf dentro do que a empresa se tornou nesses anos.
L’O Vocês acham que conquistaram uma maturidade de mercado, é um ponto de virada?
ALF Sim, que é muito importante. Era uma coisa que discutíamos muito naquela época de Projeto Estufa. Pois é muito importante todo o amadurecimento da parte criativa mas, se a marca não tem dinheiro por trás, faz três desfiles e some, pois não tem uma estrutura de negócios para continuar. Esse gap foi um tempo importante para que focássemos em outras coisas. Imagine uma marca pequena, com uma equipe pequena e o criador tomando conta de quase tudo. Se você está focada em fazer desfile, não foca no crescimento, em fazer contratações, criar um fluxo de caixa. Então conseguimos nos organizar e ter uma estrutura melhor de funcionamento, produção, qualidade de produto. A coleção fala muito sobre isso, sobre esse processo como criadora, sobre relembrar. Vou ler um trecho do texto do desfile, que explica melhor.
L’O Você ama um textão para contextualizar as coleções, né?
ALF Amo, não consigo ficar sem.
L’O Mas já tentou?
ALF Antes eu precisava começar com eles, mas aprendi a desape- gar. Já fiz quase toda a coleção sem texto, era um sentimento, um pensamento, que não precisei explicar antes. Mas quando tenho que comunicar a coleção, organizo essas palavras. Este trecho: “Essa coleção fala sobre calçar os sapatos da Ana sonhadora e idealizadora da Aluf, da jovem de 22 anos que idealizou tudo isso. Eu não sou mais ela, mas eu trabalho para ela. E nunca posso me esquecer disso. Esse desfile é uma homenagem e realização de um sonho de quem eu já fui um dia”. Então, é isso. Essa coisa de voltar a desfilar presencialmente... não tenho como continuar de onde parei. Eu mudei, não sou mais aquela pessoa, tive que ser muitas outras coisas desde então.
L’O Mas não apaga.
ALF Não apaga. Para entender para onde vamos agora eu não posso esquecer do porquê tudo começou, como criadora. Eu não posso ser a gestora quando sento aqui para desenhar, ou a marca se perde. Tenho que ser a Ana criadora, o motivo pelo qual a Aluf existe. Fazendo uma autoanálise crítica, os desfiles anteriores não representam o que somos hoje. Da imagem até o acabamento das roupas. É curioso porque tenho muito essa imagem do que é a Aluf, das curvas nos shapes, do cru. Isso sempre foi muito posto, mas sinto que, nos desfiles, essa imagem nunca chegou. A cada coleção que falo sobre esse meu processo criativo como arteterapia, é como se a Aluf sentasse no divã para falar sobre um novo assunto. Nesta coleção, ela sentou para refletir sobre si mesma. Sobre essa discrepância de quem sou e como as pessoas veem em relação ao desfile, através do desfile. Essa imagem que as pessoas têm da Aluf vem muito da nossa comunicação no Instagram, não é da passarela. Acho que faltava isso. É um desfile para mostrar o que a Aluf representa e a partir de onde posso continuar evoluindo. É quase uma ode para como eu gostaria que a marca fosse vista.
L’O Tirando a parte óbvia, do business, da loja, o que mudou dentro da marca nesse tempo?
ALF Eu julgo que é uma Aluf menos ansiosa, em relação à criação. Antes eu queria muito me provar como criadora, havia uma ansiedade de querer ter tudo na mesma coleção, mostrar todas as ideias ao mesmo tempo. O que aprendi foi que existe sempre uma próxima coleção, posso guardar algo para explorar mais profundamente depois. Espero que, com essa calma que ganhei na criação, eu consiga trazer um desfile que seja mais coerente. Faltava um pouco disso nos primeiros desfiles. O resultado ficava um pouco confuso, lidando com essa quase obsessão com certos shapes, com certas formas, com muitas ideias.
L’O Você vai resgatar algo daquela época?
ALF Sim, com certeza. Peças que nunca desfilei, mas foram muito símbolo da marca — como a camisa Pape, uma das nossas primeiras peças, com três curvas e plissados diferentes. Ela está no imaginário da Aluf, mas nunca foi para a passarela. Quero trazer principalmente as coisas dessa primeira coleção, que não cheguei a desfilar dentro do Projeto Estufa. E trazer essa essência, para conseguir virar essa página e concluir esse momento. É uma marcação de “ok, foi daqui que nós viemos e de onde evoluímos”. O processo da coleção me fez entender que não era sobre repetir o passado, mas relembrar de onde você veio para entender onde está agora, nesse universo.
L’O Falando de maneira mais pragmática, isso se encaixa no que a moda pede hoje também — de uma criação mais devagar, sem atropelos.
ALF Acho que são dois caminhos em relação a isso. Existe esse ponto de não precisar recriar a roda a cada coleção, sim, que não acontece mais para nós e muitas marcas que são contemporâneas nossas. Mas não podemos perder o processo criativo. Não quero que a Aluf seja aquela marca que, a cada desfile, só muda a cor ou o comprimento de uma saia. Tenho muito receio da repetição. Óbvio, eu vou sempre ter algumas formas, tenho vícios de desenho como criadora, gosto de shapes mais amplos e isso sempre aparecerá. Mas é uma questão de equilíbrio, de não se deixar cair no conforto. Para mim, é muito importante entender esse processo criativo, entender o tema, me aprofundar nisso, fazer novas pesquisas. A pesquisa traz essa renovação desse exercício. Tenho muito essa fixação, pois é por isso que a Aluf existe, por conta desse processo criativo como arteterapia. A partir do momento que isso não está acontecendo, deixa de fazer sentido. Temos uma linha muito coerente de contar histórias, pois existe de fato um caminho por trás. Não é só mais uma blusinha verde ou sei lá o quê. Óbvio que existe um mix de produtos, mas há toda a história da coleção para dar o embasamento a ela.
L’O Como é o cuidado de não perder o exercício criativo nem o olho no produto que, no final das contas, precisa vender?
ALF Tento separar esses momentos. Eu penso que em primeiro lugar tem que vir o criativo, que tentamos não colocar barreiras. O mundo ideal é esse. Depois, vem a Ana gestora, que dilui a coleção e cuida da loja. Aí é métrica, é planilha, ver qual a calça que mais vende e não pode sair de estoque. Mas é preciso continuar gerando desejo, contando histórias. O pulo do gato é o quão bem se consegue equilibrar todos esses pontos. Tanto que nesse desfile nós vamos lançar a linha Aluf Ateliê, que vem justamente desse lugar de equilíbrio. Estou fazendo um desfile que é para ser um sucesso comercial, mostrarei o que está na loja. Mas se eu pegasse só o que fiz para vender e colocasse na passarela, não representaria 100% o que a Aluf é como desejo criativo. Eu não quero perder isso. Então criei a linha Ateliê, da qual vai existir só uma peça de cada e a pessoa pode encomendar. São peças com palha de seda, por exemplo; coisas que, comercialmente, não poderia fazer. Mas eu não posso me deixar cercear criativamente por essas limitações do comercial. O que aprendi, batendo muito a cabeça, é que não é a canetada da minha vontade que vai resolver. São os números e eu obedeço a eles. Eu brinco com o meu sócio que meu papel é “gastar bem”. Saber qual o melhor que podemos fazer com o caixa disponível para não quebrar no mês que vem, ter esse cuidado. Eu sempre tive o pânico de ser aquela criadora sem noção, que tem uma marca muito legal e que some, depois de dois anos. Então precisei ativar esse lado muito racional para continuar a criar. Pois se eu for imprudente com a Aluf como negócio, não existirá a Aluf como criadora.
L’O Daí a parte do seu texto em que você fala que trabalha para ela.
ALF Exato! Trabalho para aquela Ana, meio sonhadora, para fazer acontecer.
L’O Acho curioso você falar sobre ativar um lado racional, pois sempre apresentou um processo criativo muito cerebral. São racionais diferentes?
ALF Eu sempre fui essa pessoa de ter os dois lados. Quando falo sobre ativar, é não deixar ativo só o criativo. Eu não gosto de apenas sonhar, gosto de executar. Acho muito triste quando fica só no sonho. Sempre tive a vontade de querer saber o que é preciso fazer para qualquer coisa dar certo. Eu sou, hoje, o que a Aluf precisa que eu seja para funcionar. Claro que o resultado estético é importante para o branding, para a visão de marca. Mas, no fim, o porquê do processo criativo é o essencial para mim. O que aprendo como criadora e como pessoa, a cada coleção, é o mais importante. O fato de eu ser tão focada no processo criativo é o que me dá embasamento para falar do que acredito, sobre onde a arte e a moda se unem, que é no processo criativo. Se não, ficaria só no produto mesmo e tudo certo. Óbvio que a moda é mercado, é produto, mas sempre tive essa inquietação, desde a faculdade: é possível fazer uma moda que seja ligada à arte, a partir do momento que existe um processo criativo por trás daquilo. No início, fiz uma exposição com a [artista plástica] Gabriella Garcia, estávamos as duas começando. Entreguei a ela uma tela, um quadro mesmo, e uma roupa, um vestido feito de tela. E ela teve o mesmo processo criativo nas duas bases. A exposição te levava a questionar: por que o quadro era mais importante do que o vestido? Por ser uma roupa e ter uma função? Mas se o processo criativo foi o mesmo, a matéria que a artista usou foi a mesma, por que o vestido é “menos” que o quadro? Em que ponto um se põe acima do outro? Isso sempre me incomodou. São esses embasamentos que a Aluf tem para se justificar, da relevância do fazer de moda, é do questionamento que nós surgimos. O processo criativo é que nos faz termos essa relevância enquanto criadores. O desafio é crescer mantendo isso.
L’O A Aluf é muito sobre você, nasceu do seu TCC, mas você sempre se colocou por trás das cortinas. Havia esse receio de aparecer como personagem. Isso mudou, não?
ALF No início eu tinha esse pensamento, até um pouco radical, sobre não fazer a Aluf sozinha. São diversas pessoas que fazem isso acontecer, não queria que olhassem para a marca e pensassem em mim. Que pensassem no resultado, no desfile, no desempenho, no produto, não na minha cara. Hoje, já sei que querer me esconder não faz sentido. Precisei mudar para não me limitar em tudo o que gostaria de comunicar. Claro, o coletivo continua essencial. Mas, no final das contas, sou eu que toco tudo isso. A partir do momento que falamos sobre o tom de voz educacional que a Aluf tem, o quanto nós queremos ser para além de uma marca e, de fato, ter informações — trazer não só experiências, mas também conteúdo, pois gosto muito dessa parte acadêmica — quem vou colocar para falar? Ninguém vai ter tanta propriedade para falar como eu. Entendo que tenho essa responsabilidade hoje, preciso ser porta-voz da marca para o que acredito e para unir pessoas de modo a mudar algumas coisas na moda, então devo me envolver e colocar a cara a tapa. Eu não quero ser famosa, acho isso um pesadelo. Mas sempre quis ser reconhecida pelo meu trabalho, que ele viesse antes de mim. Por isso eu não aparecia tanto no início. E não é que sou uma pessoa tímida, eu gosto de falar sobre o que acredito. Gosto de dar palestras, aulas, passar a informação. O que não gosto é de olhar o criador de moda como se ele estivesse num altar. Sempre critiquei essa visão esnobe, essa louvação. Ao mesmo tempo que a pessoa se põe nesse lugar, ou é posta, ela passa a ser cobrada de acordo com aquilo. E quando você coloca essa pessoa no lugar do gênio, essas cobranças aumentam. Não é disso que se faz as coisas aqui, na vida real. Não é assim. Para fazer tudo o que faço, preciso estar na minha mesa, acordada, bem, equilibrada. Se estiver mal porque estão me cobrando isso ou aquilo, nada vai acontecer. Acredito nos processos criativos exatamente por que eles te libertam dessa cobrança. A partir do momento que falo que o essencial é o processo que você está sentindo e se entendendo, aquilo vem para um bem-estar seu, criativo. Você se embasa no processo ao invés de esperar que tudo isso venha de você.
L’O Quando a Aluf nasceu, nesse seu processo muito racional, ela veio como algo que você queria fazer e o mercado abraçou ou você, antes, enxergou um nicho que fazia sentido para si mesma?
ALF Acredito que a primeira opção. A Aluf nasceu do meu TCC, certo? Quando fiz, eu pesquisei pra cacete, escrevi um monte. E não queria que todo aquele trabalho morresse numa apresentação de 40 minutos em sala de aula. Queria desfilar aquilo, falar sobre, botar para fora. Então comecei a me inscrever em seminários, dei palestras sobre tudo o que acreditava. Quando participei do Brasil Eco Fashion Week, antes do Projeto Estufa, além do desfile havia a parte do showroom. E eu ficava lá, sentada com as minhas roupas, vendo as pessoas passarem e dizerem que aquilo era bom. Uma coisa é você ser uma excelente aluna dentro de uma faculdade. Outra coisa é você ir para o mercado e as pessoas continuarem a falar que o seu trabalho é bom, é muito diferente. Quando vi que fui para o mercado, ainda que dentro de uma redoma, e ganhei aprovação, percebi que tinha acertado algo ali. Foi a partir daí que comecei a me entender de fato como marca, que precisaria construir um estoque, colocar numa loja, organizar mesmo. Teoricamente, acho que só queria comunicar para o mundo aquele raciocínio que tinha construído, que era muito importante. Tanto que a minha ideia era sair para estudar fora, ter outras vivências. Mas quando vi que existia um desejo de mercado, o plano mudou.
L’O Acha que o público que a Aluf atinge hoje entende o que você quer comunicar, da moda como arte, do seu desejo todo de criação?
ALF São níveis... principalmente com a expansão da marca. Há a pessoa que entende 100% da marca, mas que pode ser uma estudante, uma entusiasta, que não tem grana para comprar. Tem quem entenda a questão da arte, mesmo sendo de outro mundo fora da moda, que vê isso. E tem a cliente que passou na rua, viu uma roupa bonita e quis comprar — e graças a Deus ela existe! Imagina se só comprasse quem entendesse tudo, é uma parcela muito pequena. Quando falo sobre a nossa comunidade, é quem segue a gente no Instagram, com quem nos comunicamos diretamente — que não necessariamente é quem está comprando. Então, é preciso pensar em toda essa gama de pessoas. O nosso processo de crescimento é sobre ampliar cada vez mais a nossa gama de compradoras para crescer como empresa. E aquela última pessoa, ali na ponta, não necessariamente quer entender todo o discurso — e tudo bem. Agora mais ainda, com loja em shopping, que é um fluxo muito maior de pessoas em relação à nossa loja de rua. Essa cliente vai acabar comprando porque o produto é bom. Temos que ter esse lado também, só o discurso não vende roupa. É o que eu sempre falei em relação à questão da sustentabilidade. Por mais que isso seja o embasamento da Aluf, a forma que trabalhamos, não é por isso que vamos ser diferentes do mercado ou venderemos mais. É uma questão de coerência interna. Não adianta a marca chegar e falar “sou sustentável, compre!”. Quem é realmente 100% sustentável nem está comprando roupa, sabe? É uma mudança de mercado que sonho que aconteça. Então, se todo mundo, um dia, estará assim, por que isso vai ser um diferencial meu ou de qualquer outra marca? Já não é e será cada vez menos.
L’O Há uma armadilha possível nesse caminho de crescimento, não acha? De tropeçar e deixar o processo para trás.
ALF Acho que não, se você foca em fazer o que acredita. A Aluf existe para que tenhamos orgulho de fazer moda, eu não tenho motivo para abandonar isso. Tenho que fazer o restante para que essas vontades continuem vivas, mesmo que o discurso alcance 10% de quem nós atingimos. Ao mesmo tempo, quero que a pessoa que entre na faculdade de moda hoje tenha uma marca que ela possa desejar trabalhar. Não necessariamente a Aluf, mas é um cenário que quero ajudar a construir. Na minha época de estudante havia, sei lá, uma marca e meia que me atraia, sabe? Quero que as pessoas tenham orgulho e falem “nossa, agora temos várias marcas nacionais realmente legais”. E que essas marcas também possam contratar essas pessoas, que os negócios sejam saudáveis. Cadê aquele momento que nós poderemos olhar para uma marca e dizer “ela é foda como estética, mas também é foda como empresa”? É difícil ver isso.
L’O Essa nova geração, que você faz parte, que está crescendo agora e construindo esse cenário: acha que vocês têm essa obrigação de remexer o mercado para fazer isso acontecer?
ALF Não posso falar por eles, mas me sinto... não é obrigação, eu diria, é um desejo. Faço parte disso, então o que posso fazer para mudar? Tenho esses ideais. Mas é algo que quero tentar fazer, e em silêncio. Vou sentar aqui e trabalhar para tentar mudar.
L’O Volta um pouco para o assunto da sustentabilidade. Está na base da marca, ok. Mas como isso funciona na prática?
ALF Certo, é um exercício de ser o mais sustentável possível dentro do mercado, em pilares sociais, ambientais e econômicos. Partimos da matéria-prima, que é majoritariamente brasileira. E focamos em tecidos que sejam naturais, reciclados ou biodegradáveis. Já no processo de produção, temos um contrato com os nossos fornecedores de que os resíduos de tecidos voltem para a marca. Daqui são levados para negócios sociais que transformam esses retalhos em outros produtos e geram dinheiro para essas pessoas. É um esforço para tentar fazer um processo cíclico fechado. Nosso objetivo, a longo prazo, é reciclar 100% das sobras de matéria-prima e resíduos. Temos outras ações, tenho pesquisado novos materiais possíveis, estou sempre de olho no assunto. Como disse: faz parte da base da marca, é natural. Mas acho mais importante você fazer do que falar, sabe? Tem que ser genuíno, a hipocrisia que envolve esse assunto me incomoda demais. Eu faço por que acredito que é importante, não porque sou boazinha.
Créditos:
FOTOS: Mariana Valente.
BEAUTY: Vini Vieira.
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Ana Luiza Neves.
ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: Gustavo Uehara.
ASSISTENTE DE BEAUTY: Jessica dos Santos.