Vitor Zerbinato comemora 30 anos de carreira com nova coleção
Para comemorar 30 anos de carreira, Vitor Zerbinato faz coleção resgatando peças icônicas de sua primeira marca, a Madame X
Na cena clubber de São Paulo nos anos 1980, sempre que chegava uma garota desconhecida arrasando no visual, Vitor Zerbinato e os amigos se referiam a ela como “madame x”. “Era uma gíria para designar uma mulher dramática e exuberante, que chamava a atenção”, conta o estilista que hoje comanda a marca que leva seu nome. Em 1993, quando lançou sua primeira marca, não teve dúvidas, batizou a empreitada de Madame X, que existiu até 2010, quando a grife foi reestruturada. “Senti saudade dessa fase. Sempre gostei dessa mulher, que me acompanha até hoje”, conta. Para destacar os 30 anos de trajetória, Vitor foi buscar nos arquivos referências para criar a coleção do próximo inverno, que já foi apresentada para o atacado nacional e em fevereiro segue para o showroom em Paris. O lançamento em loja está marcado para o mês de março.
“É uma homenagem à marca que me trouxe onde estou hoje”, contou ele à L’OFFICIEL, dando uma pausa no processo criativo do verão 2024/25. São 120 modelos, vários reproduzidos exatamente como nos originais; outros, adaptados para os tempos atuais. “Fui pinçando as criações mais importantes e criando uma sinergia para ter a visão de unidade”, explica. Entre as coleções mais importantes, Vitor cita Piquenique, Circo, Drácula, inspirada no filme de Bram Stocker, e outra que se conectava com a primeira turnê de Madonna, The Virgin Tour. “Dessa, fiz uma hot pant decorada com uma imagem do sagrado coração na frente. Processaram uma loja de São José do Rio Preto (SP) por vender a peça, que também me processou”, resgata, acrescentando que, nessa época, tinha cabelo descolorido e costumava ir para a balada usando túnica preta como a de padre com estola roxa com cruzes bordadas nas pontas. “Fui repreendido várias vezes”, diverte-se. Outra referência foi o longa-metragem Maria Antonieta, dirigido por Sophia Coppola. “Fui até o palácio de Versalhes para a pesquisa e as peças eram divertidas, com estampas relacionadas com o quarto dela misturadas com sportswear”, recorda.
Nesta nova safra entram materiais mais sofisticados que fazem parte de sua rotina atualmente: crepe, veludo, tricoline, zibeline, lã fria na alfaiataria, georgete de seda, pele fake e plumas. Uma estampa bold de rosas sobre fundo preto também faz revival. “Nos anos 1990, combinava esse print com ponteiras e spikes para uma pegada meio punk, meio dark”, conta. Apesar do saudosismo, Vitor reconhece que a fase mais importante de sua trajetória começou após a mudança para o seu nome. “Veio um público com maior poder aquisitivo que eu não conseguia atingir antes. Foi uma alteração orgânica e no momento certo”, conclui.
Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo, Vitor conta que por volta dos 7 anos já criava roupas com sobras de tecido para as bonecas da irmã, Isabel Sanches, e mais tarde começou a desenhar roupas de festa e formatura para as amigas. Aos 16, se mudou para a capital para procurar emprego na área de moda. “Minha irmã veio junto e propôs abrirmos uma marca. Foi assim que nasceu a Madame X. Isabel cuida do financeiro até hoje”, menciona, acrescentando que procurou se especializar fazendo cursos de modelagem, desenho, moulage e costura. “Não existia curso superior de moda. Também comprava muita roupa em brechó para ver como era feita”, ressalta, referindo-se a si mesmo como obcecado por fazer um produto inovador e entregar uma roupa bem-feita e com acabamento precioso. Já vestiu nomes como Sharon Stone e Eva Longoria e suas criações são vendidas para os Emirados Árabes, Panamá e Londres por meio dos showrooms que realiza duas vezes por ano na capital francesa. “Agora quero ampliar o mercado a partir de Nova York”, projeta. Sempre buscando rejuvenescer seu trabalho, o estilista também assina a Z. Vitor, segunda linha focada em peças mais casuais.
