Sasha Meneghel em entevista exclusiva para a L'Officiel

Aos 24 anos, Sasha Meneghel não tem pouco a comemorar. Acostumada a ter os holofotes sobre si – seu nascimento foi transmitido ao vivo pelo Jornal Nacional –, ela contou que desenvolveu transtornos alimentares por conta de comentários maldosos que recebeu nas redes sociais, ainda na adolescência. Sasha ressignificou essa relação com a mídia e hoje vive bem com ela. E depois de ter se mudado sozinha para Nova York para estudar moda na Parsons School of Design, passou a enxergar o mundo fashion de outra maneira. Casada com o cantor João Figueiredo em uma cerimônia íntima para familiares e amigos na casa da mãe, Xuxa Meneghel, Sasha comanda sua carreira de estilista e modelo e fala a seguir sobre sua relação com a label italiana Fendi, da qual é embaixadora, feminismo, sustentabilidade e muito mais.

L'OFFICIEL Como você define o feminismo moderno? Você se inclui nele? De que forma?
SASHA MENEGHEL O feminismo é um movimento no qual mulheres lutam por igualdade, respeito e dignidade dentro de meios profissionais e pessoais na sociedade. Uma forma de se incluir no movimento é simplesmente apoiar outras mulheres. Entendo que minha maior contribuição como mulher e feminista é no dia a dia usar da minha influência e do meu privilégio para apoiar outras mulheres na conquista pelos seus direitos e espaços.

L'O Em que outras causas embarca?
SM Cresci envolvida emocional e fisicamente na fundação da minha mãe. Minha avó dava aula de arte lá e eu ajudava como podia. Desde então, trabalhos sociais estiveram presentes em minha vida. Também passei a me importar com o meio ambiente e, consequentemente, com a sustentabilidade dentro do mundo da moda.

L'O Qual sua relação com sustentabilidade?
SM No meu segundo ano cursando moda na Parsons, assisti a um documentário chamado The true cost, que mudou minha forma de criar e consumir moda. O documentário mostra como a indústria da moda fere o meio ambiente e como precisa mudar. Passei a estudar o assunto com foco em sustentabilidade e trabalho para ter minha própria marca na qual eu consiga fazer pequenas mudanças que tenham um impacto não só no meio ambiente, mas na forma de se relacionar com a moda.

L'O Como consome moda?
SM Procuro optar por peças com uma boa durabilidade, além de comprar muito em brechós e assim praticar moda circular.

L'O Você é embaixadora da Fendi. Como foi esse namoro e qual sua relação com a marca?
SM A Fendi é uma marca que desde o início colocou mulheres à frente, não só do design, mas do business também, o que era extremamente raro para aquela época. É muito especial fazer parte de uma marca que empodera mulheres desde sua fundação.

L'O Você já foi jogadora de vôlei. O que o esporte trouxe para a sua vida?
SM Sem dúvida uma das melhores fases da minha adolescência. Dentro do vôlei aprendi quão importante é trabalhar em equipe, além disso meu nome e sobrenome não influenciavam dentro da quadra, meu resultado nos jogos era mérito do meu empenho.

L'O Sempre teve uma boa relação com o próprio corpo?
SM As pessoas não mensuram a força da palavra, principalmente direcionadas a crianças e adolescentes. Vivemos em uma sociedade em que os padrões de beleza foram estabelecidos a partir de uma ótica machista, onde existe “um só” corpo bonito, e essas “exigências” muitas vezes são feitas até mesmo em crianças. Com 13 anos, desenvolvi bulimia por ler inúmeros comentários maldosos na internet a respeito do meu corpo e da minha aparência.

L'O Depois de uma temporada de exaltação da autoaceitação, estamos vivendo um retorno furioso da pressão pela magreza e pelo corpo perfeito, com piada sobre Ozempic em plena cerimônia do Oscar. Como você lida com essa imposição?
SM Depois dos transtornos alimentares que eu vivi, minha prioridade hoje é minha saúde, tanto física quanto mental. Procuro ter uma alimentação saudável, uma rotina de exercícios físicos que me trazem uma relação boa com meu corpo.

L'O Uma musa inspiradora?
SM Minha mãe.