Indonésia: um paraíso entre águas!
Seja a bordo de uma deslumbrante embarcação – que já fez parte da frota de exploração da marinha Real Britânica –, seja cavalgando em terras firmes do já eleito melhor hotel do mundo, a Indonésia propõe a fusão perfeita entre mar e terra.
Feche os olhos e imagine estar em um lindo barco, no meio do mar. Sinta a liberdade de ter os pés descalços durante toda a viagem, o sol esquentando a pele e o vento batendo no rosto. Respire fundo o frescor do amanhecer, envolto pelo azul do oceano e se deixe levar pelas vibrações dos ares asiáticos. É com essa sensação que começa a expedição pelas águas de Bali, que passa pelo Parque Nacional de Komodo até chegar às Ilhas Mayo, no leste da Indonésia.
São sete dias a bordo do Aqua Blu, um navio de classe mundial com cinco decks e apenas 15 suítes que combinam em seu interior elementos de latão, madeira e móveis em tom marfim, criando espaços elegantes e convidativos. A decoração prende a atenção por sua beleza, mas, principalmente, por criar ambientes de relaxamento que quase se fundem com o entorno. É tudo tão minuciosamente pensado que até os caiaques combinam com a paisagem. E é em um deles a melhor maneira de começar o dia nesta expedição: explorando as águas cristalinas até as praias próximas de onde o barco ancora. Quando o calor ainda não está forte, é maravilhoso remar entre os peixes, as estrelas do mar e os corais, bem como ter a chance de avistar o famoso dragão de Komodo se espreguiçando à beira da praia. Se a ideia é exercitar o corpo logo cedo, outra possibilidade é praticar ioga, pedalar ou levantar alguns pesos na área fitness. Para finalizar, a dica é relaxar na jacuzzi. A partir das 8h da manhã um delicioso café é servido para os hóspedes, com pães frescos e variados, frutas, cereais, iogurtes, panquecas, waffles e ovos mexidos.
Travessia
Todos os dias há pelo menos uma atividade aquática na programação, mas sempre tenha em mente que tudo pode mudar, afinal, é a natureza que está no comando. Com condições favoráveis, após o briefing dos guias, os grupos se dividem e são conduzidos à aventura para observar a rica vida marinha da Indonésia. Impossível não admirar o capricho dos pequenos detalhes. Nunca me esquecerei, por exemplo, de como ficavam organizados os snorkels, em formato de estrela do mar, ao lado das pranchas de stand up paddle e de uma cesta de vime carregada com protetores solares e repelentes. O encantamento já começa por aí e só melhora. Durante os mergulhos, entre mais de 500 espécies de corais coloridos, de diferentes formatos e texturas, as arraias e os cardumes passam calmamente pelos visitantes. É também nestas águas, no “Triângulo dos Corais”, que costumam viver os tubarões-baleia, chamados de gigantes do Índico. Em plena escuridão da madrugada, às 5h, zarpei em um bote mar adentro em busca dos barcos de pesca da região. É pertinho deles, no raiar do dia, que os tubarões-baleia nadam esperando as redes de pesca serem içadas repletas de peixes. Neste momento, eles se aproximam do casco, ficam na posição vertical, com a boca aberta para se deliciar com tudo que escapa da armadilha.
Muitas vezes, eles chegavam bem próximo de mim – a ponto de ser possível tocá-los (porém, não há autorização para fazer isso). Os tubarões olham dentro dos seus olhos. Admito que é uma sensação que mistura medo, felicidade e uma boa dose de adrenalina. Contudo, sem dúvida, é uma das melhores experiências para qualquer viajante com espírito aventureiro. Voltei para o barco bastante emocionada – e fui recebida pela tripulação sorridente e ansiosa para escutar os meus relatos. Os fins de tarde passam lentamente, sempre nas espreguiçadeiras localizadas no último deque, tomando um drinque, lendo um livro ou simplesmente deixando o tempo ser embalado pelo som de uma trilha sonora suave. Aproveite para olhar para cima e presenciar a revoada durante o pôr do sol de milhares de morcegos frugívoros entre a Ilha de Koaba e a Ilha das Flores. A espécie, conhecida como “Flying Foxes”, existe apenas em alguns lugares do sudeste asiático, da Austrália e de Madagascar. Foram quase 15 minutos conferindo o espetáculo que listrou o céu de laranja. Todas as noites, antes de ser servido o jantar, apresentavam-me as fotos com os registros das vivências daquele dia, sempre acompanhadas por explicações do que ainda estava por vir e pela culinária refrescante e inspiradora traduzida em um menu que mescla sabores locais e europeus, com destaque para a cozinha mediterrânea.
Terra firme
Visitei também o Parque Nacional de Komodo, fundado em 1980, justamente para ajudar na preservação das raras espécies de dragões que habitam a ilhota de grande reputação. Lá é o único lugar em que é possível observar os animais – com a segurança dos guias –, vagando livremente na natureza. Até rola chegar perto das criaturas que podem medir 3 metros de comprimento (e que parecem calmas e inofensivas), porém, é melhor manter distância, já que elas são ágeis, extremamente agressivas e possuem uma das mordiscadas mais letais do planeta. Em busca do mais belo pôr do sol da região, vale fazer um trekking até o alto de uma montanha da Ilha Padar, a terceira maior do Parque Nacional de Komodo. A subida íngreme dura cerca de 30 minutos e proporciona vista panorâmica deslumbrante. É uma explosão de cores com o avermelhado do sol, os tons de azul do mar, o verde das colinas e as três tonalidades das areias: rosa, preta e branca.
Na minha despedida, deixei-me levar pela charmosa Pink Beach. Cravada ao leste da Ilha de Komodo, ela recebe este nome por causa de seus grãos de areia em leve tom de rosa, que ficam assim graças ao pigmento vermelho dos recifes de corais, que quando se quebram são levados pela maré até a praia e lá se misturam com a areia branca. À medida que os raios de sol batem, o contraste entre o rosado e o turquesa oceânico traduz o verdadeiro significado de paraíso. Na praia desabitada, a tripulação do Aqua Blue preparou ainda uma inesquecível surpresa. Esperava apenas conhecer o destino, mas enquanto caminhava pude ver uma estrutura surgir aos poucos, rodeada por esteiras, almofadas, guarda-sóis, uma divertida boia de flamingo e equipamentos de mergulho, além de um bar com drinques e aperitivos. A tarde caiu mansa e nos divertimos pra valer.
Surfe, cavalo e natureza
As próximas narrativas da Indonésia encontram-se em outra ilha, chamada Sumba, a um voo de 50 minutos de distância de Bali. É ali que fica o hotel Nihi, eleito duas vezes o melhor do mundo como uma espécie de “Éden dos surfistas”. Mas não se deixe enganar pelo título portentoso. O luxo do Nihi está na experiência que só um lugar remoto pode proporcionar. Na saída do aeroporto, um jipe conversível me aguardava, com água de coco geladíssima e doces típicos embrulhados em folha de bananeira.
Completamente integrado à natureza, o empreendimento fica em frente à praia, onde todas as manhãs os cavalos dos estábulos de Sandalwood são soltos para galopar livremente, desfrutando da extensão de 2,5 quilômetros de litoral. Só estando lá e presenciando a cena inusitada para entender a importância do cavalo para os moradores de Sumba, que acreditam que a alma do povo está ligada ao animal. Os turistas que dominam a montaria podem escolher entre fazer um passeio ou simplesmente nadar junto com os cavalos no mar.
Não é à toa que desfrutar dessa enseada é a sua grande atração. Surfistas do mundo todo se reúnem em um pequeno e charmoso bar do hotel para conversar sobre as condições marítimas. E é dali que a aventura começa, entre as ondas mais perfeitas da Indonésia. Aliás, o Nihi só existe porque um casal encontrou a sua “onda perfeita” exatamente em Sumba, em 1988, depois de vasculhar o globo todo. As regras do hotel estipulam que somente dez surfistas por dia podem curtir as melhores “esquerdas da ilha”. Além deste privilégio, os hóspedes podem usar o jet ski para melhorar o rendimento. O resultado é um momento ímpar.
Por falar em exclusividade, fazer um tratamento de spa também foge do comum. Tudo começa bem cedinho. São 90 minutos de caminhada passando por colinas e campos de arroz e pela vila Sumbanese até chegar ao topo de uma costa rochosa a oeste da ilha, em uma cabana charmosa de bambu, camuflada no meio da selva. Assim que fiz check-in tomei um leve desjejum e depois fui apresentada aos 20 tratamentos disponíveis, dos quais pude escolher seis. Em mais de duas horas recebi uma das melhores massagens da minha vida, feita no alto de uma falésia com um espelho estrategicamente posicionado a fim de enxergar todo o skyline. Para encerrar com chave de ouro, antes de retornar ao hotel, mergulhei em uma piscina natural entre grandes coqueirais.
Uma causa para abraçar
Hospedar-se no Nihi também é sinônimo de ter uma vila secreta de 74 metros quadrados à disposição, contornada por um caminho de pedra que se estende até o tapete de areia em que está escrito “bem-vindo” na língua local. O meu bangalô contava com piscina de borda infinita, banheira vintage, paisagens incríveis e uma fantástica vista para a praia. Mais do que representar uma rota turística, o hotel investe constantemente em projetos de filantropia que ajudam na preservação das comunidades.
A Fundação Sumba foi criada para diminuir as consequências da pobreza, fornecer ajuda humanitária aos vilarejos, melhorar a saúde dos seus habitantes, permitir acesso à água potável, reforçar programas educacionais e minimizar os efeitos da malária. Tudo isso respeitando as tradições culturais e as necessidades da população.
Durante a minha passagem pela ilha, tive a oportunidade de participar de uma atividade ambiental, que visa resguardar algumas espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção. No fim, pude testemunhar a soltura delas em seu hábitat, o que, certamente, foi um dos episódios mais emocionantes da trip.aquaexpeditions.com e nihi.com.