Itaú Cultural abre a Ocupação Oswald de Andrade com nova exposição
A construção da obra de Oswald de Andrade em toda a amplitude é o tema da nova Ocupação Itaú Cultural
O Itaú Cultural (IC) apresenta hoje, 23 de outubro, até 23 de fevereiro a ampla obra de Oswald de Andrade com seus romances, teses filosóficas e artigos de jornais. A 65ª Ocupação Itaú Cultural traz mais 160 itens, entre recortes de jornais, primeiras edições de seus livros, manuscritos e datiloscritos originais de livros, peças, poemas e artigos, fotos de família e pessoais, vídeos com depoimentos de estudiosos de seu trabalho, filhos e biógrafos. A exposição é dedicada a personalidade da arte, cultura e educação brasileira que inspira gerações.
A curadoria é assinada pela gerência de Curadorias e Programação Artística da instituição, com consultoria do jornalista Lira Neto, autor da mais recente biografia do homenageado, a ser lançada pela editora Companhia das Letras.
“Homenagear Oswald de Andrade neste ano em que se completam sete décadas de sua morte já seria natural, mas esta Ocupação é ainda mais do que isso”, diz Galiana Brasil, gerente de Curadorias e Programação Artística no Itaú Cultural. “Buscamos jogar luz à multiplicidade de sua obra, que se desdobrou por praticamente todas as expressões artísticas, e à sua capacidade intelectual transgressora, no sentido de insubordinar o estabelecido manuseando as palavras de forma irreverente, porém totalmente coerente e inovadora. Esta Ocupação procura mostrar a obra de Oswald para além da Semana de 22”, completa.
Autor insubordinado
Oswald (cuja pronúncia é “Oswáld”, de acordo com ele próprio) nasceu em 11 de janeiro de 1890, em São Paulo, com o nome José Oswald de Sousa de Andrade. Aos 32 anos, se tornou um dos principais protagonistas do Modernismo brasileiro, ao lado de Mário de Andrade, ao idealizar a Semana de Arte Moderna de 22 e construir o manifesto do Movimento Antropofágico.
Reconhecido como irreverente e insubordinado, tanto na vida quanto na escrita, ele militou na política, candidatou-se a deputado federal, escreveu para jornais e peças icônicas, como O Rei da Vela.
Esta é a face mais conhecida de Oswald de Andrade, embora sua obra seja muito mais ampla. “Ele escrevia textos de combate e crítica engajados no momento histórico, pouco conhecidos hoje”, diz Lira Neto em um dos vídeos expostos na mostra. “É importante resgatar a sua obra. Ela fugia do padrão. Do ponto de vista da linguagem e das ideias, Oswald era um sujeito indomável, não obedecia às regras gramaticais, não adaptava a sintaxe convencional”, conta ele.
A mostra
A Ocupação Oswald de Andrade se estende por 190 metros quadrados, formada por quatro eixos delimitados por cores.
No roxo, o visitante é recebido por um texto de abertura, no azul acolhe a sua biografia, com fotografias e objetos pessoais originais, como uma cadeira e três esculturas, além de áudios em que Oswald recita a sua própria poesia, recortes jornalísticos, cadernos de memórias e vídeos com depoimentos do filho Rudá e da filha Marília e dos biógrafos Lira Neto e Maria Augusta Fonseca.
No verde é apresentado a literatura, a política e o modernismo, entre manifestos e obras diversas, como as primeiras edições de seus livros, entre eles, Pau Brasil, de 1925. No mesmo espaço, o Itaú Cultural apresenta a produção de um vídeo, com direção de Rodrigo Mercadante, sobre os manifestos de Oswald de Andrade. Destacando as artistas Lilly Baniwa, Vicka Matos, Alice Guél, Ymoirá Micall, Priscila Magella e Thaís Dias, com trilha sonora criada pelo grupo indígena do Jaraguá, Kyreymba Kuery, composto de Jurandir Augusto Martimm na rabeca (violino), Márcio Bolgarim, no maracá (chocalho) Pedro Mbyazinho, no violão, e Fábio Oliveira, no tambor.
Enquanto a área vermelha acolhe a produção teatral de Oswald com exibições de filmes famosos e um vídeo com depoimentos de Zé Celso, Ítala, Borghi e Marília de Andrade sobre a primeira montagem da peça de mesmo nome, em 1967.
Por fim, a Ocupação Oswald de Andrade também pode ser conhecida on-line, no site itaucultural.org.br/ocupacao, com conteúdo inédito, entre entrevistas exclusivas com a filha Marília, os biógrafos Lira Neto e Maria Augusta Fonseca, o ator Renato Borghi e a atriz Ítala Nandi, textos de referência sobre o autor e outros materiais que complementam a Ocupação.