Maximalismo: a influência do estilo da decoração à moda
Tendência em 2021, o maximalismo glorifica o exagero, desde a decoração à moda, sem deixar de lado a sofisticação
A arte pode ser apresentada de diversas maneiras. No caso do maximalismo, a intenção é expressá-la por meio da exuberância, em uma clara consagração ao exagero, que explora diversos tipos de padrões, cores e combinações. A irreverência e a ousadia do maximalismo vão completamente contra o lema do minimalismo (“menos é mais”). Trata-se de uma resposta a este último, que ganhou um enorme espaço nas artes e no design desde a década de 60 – momento em que o minimalismo explodiu como tendência artística.
No final dos anos 70, porém, o maximalismo surgiu nas artes visuais; no cinema, por exemplo, é possível enxergar traços maximalistas muito fortes no neoexpressionismo dos cineastas Julian Sachnabel e David Salle. O ilustrador Kam Tang e a artista Julie Verhoeven também são grandes nomes do maximalismo nas artes visuais. Já o arquiteto pós-moderno Robert Venturi, um dos artistas históricos do movimento, popularizou a expressão less is bore, isto é, “menos é chato”. De um modo geral, este é o lema que rege o estilo.
Na atualidade, o maximalismo se faz presente, sobretudo, no mundo da moda e da decoração.
Na decoração
A intenção do maximalismo na decoração é sempre encontrar a harmonia, em meio ao “caos” que a exuberância e o exagero do estilo trazem consigo. É muito comum ver ambientes maximalistas em espaços que contêm móveis antigos, ou peças de arte que formam uma coleção. Também não é nada difícil encontrar ambientes que misturam barroco com um estilo futurista, em que o novo convive com o velho. Há um contraste entre o neutro e o chamativo, e o grande segredo do maximalismo é encontrar um equilíbrio entre os dois opostos.
Na 2º edição do CASACOR Miami, de 2019, uma das tendências da mostra foi o maximalismo de Sig Bergamin. A mistura de tons e os excessos, marca registrada do artista, formam um ambiente confortável e, ao mesmo tempo, estimulante no seu charmoso Artsy Room.
A decoração maximalista também pode ser aconchegante em salas de estar, por exemplo, como mostra o ambiente decorado pela ilustradora e decoradora Carol Maxwell. Aqui, o contraste de cores de tons azulados, amarelo, rosa e branco (além do verde das plantas) forma um ambiente visualmente limpo, mesmo com a explosão de cores. A escolha das texturas e das estampas dão o charme extra ao cômodo.
Já a sala do arquiteto Murilo Grilo faz uma combinação do que ele pontua como “aesthetic”, que mistura um design mais estimulante e divertido. As tendências indies com o boho chic dão a harmonia perfeita para quem gosta de um visual mais retrô, com cores vibrantes, sem deixar de lado os tempos modernos.
As cantoras americanas Miley Cyrus e Demi Lovato são apreciadoras do estilo maximalista – a casa de Miley Cyrus, por exemplo, conta com um lavabo decorado com a Tiger Face da marca Gucci, alinhado a flores amarelas e itens em tons de dourado, azul-marinho e cinza. O banheiro comum, mesmo tendo como cor principal o branco, ainda traz um movimento com os azulejos ondulados, o quadro e o espelho decorado com bolas. Já a casa de Demi Lovato, decorada pela Argly Design, com Gustaf Westman, tem como principal destaque o balanço de cores nítidas no seu interior.
Na moda
Assim como na decoração, o minimalismo era uma grande tendência da moda, especialmente nos últimos cinco anos, aproximadamente, quando as cores neutras estavam em alta e o menos, com certeza, era considerado mais. A vida pós-pandemia, no entanto, está mudando os rumos da moda mundial: o relaxamento do isolamento social fez com que os sentimentos quisessem se expressar mutuamente e ao mesmo tempo. O maximalismo na moda, então, ressurgiu e se renovou para ser registro de uma sociedade que vive em um mundo pós-pandêmico.
Algumas marcas nunca deixaram o maximalismo irem embora de suas expressões, como a Gucci, a Schiaparelli e a Comme des Garçons, que são conhecidas pela extravagância e pelo espetáculo na moda. E, com a inspiração de todo o mundo mirando para o maximalismo, agora esta é uma expressão geral – a coleção de Valentino para o Spring/Summer 2021 Haute Couture, que aconteceu em Roma, em janeiro deste ano, é um exemplo disso. A coleção de outono/inverno de Louis Vuitton para moda masculina também apresentou características maximalistas, inclusive com peças urbanas que se tornaram vestimentas, misturando cores e texturas em uma só peça.
Apesar de ter vindo com tudo em 2021, o maximalismo nunca saiu totalmente do foco da moda. Um grande exemplo disso é o mix de estampas e cores que a influencer Camila Coelho vestiu para o Met Gala de 2019. Já no Met Gala de 2021 um dos destaques maximalistas foi o vestido da atriz Cynthia Erivo, do estilista Jason Bolden, para a Gucci (que, como dito anteriormente, é uma das marcas reconhecidas por sua estética maximalista). As estampas também se misturam, bem como as texturas, criando um visual que preenche o ambiente.
Outra tendência muito forte do maximalismo são as roupas oversized, isto é, as que ficam mais soltas no corpo. A cantora Billie Eilish é um dos principais nomes dessa tendência. Já no mundo dos calçados, um sapato que ganhou destaque na moda maximalista e que segue a tendência do oversized é o tênis Nike feminino do estilo chunky, muito usado, sobretudo, por jovens em um estilo um pouco mais indie e urbano. Os saltos com cores vibrantes também são bem-vindos para acompanhar os looks.