Alta-costura Primavera-Verão 2024: os melhores momentos
Semana de moda traz sonho, fantasia e muitas tendências para as passarelas de Paris
Há tempos, as passarelas das semanas de moda impactam o público com verdadeiros shows e apresentações únicas e exclusivas. Em se tratando de alta-costura, o rigor das técnicas de confecção faz marcas centenárias apresentarem coleções surpreendentes e que se reinventam a cada estação. Aliando tradição e modernidade, marcas, designers e coleções trazem desfiles com atmosfera de fantasia que encantam convidados.
De 22 a 25 de janeiro, a semana de alta-costura agitou Paris com mais de 20 desfiles surpreendentes de marcas que apresentaram suas coleções. Em meio a tanto glamour e produções estonteantes, separamos alguns dos melhores momentos que arrebataram os corações dos fashionistas. Confira!
Impressionantes
Schiaparelli
Logo no início da semana, Daniel Roseberry, diretor criativo da marca, viralizou nas redes sociais com produções que nos fizeram refletir sobre o passado e o futuro. Questionando nossa relação com a tecnologia, a peças foram revestidas por instrumentos tecnológicos – celulares antigos, placas-mãe e milhares de elementos tecnológicos - e até um boneco foi tomado pelos itens. A imagem da passarela nos incita a pensar os valores de uma nova geração imersa em tecnologia em vários sentidos.
Desde o primeiro impacto com o "bebê tecnológico", a marca buscou revitalizar alguns códigos da alta-costura. O trabalho estrutural de ombros, laterais rebuscadas, bordados e muito drama em brilhos e detalhes que criaram um universo à parte.
Maison Margiela Artisanal
No retorno triunfal de John Galliano e recuperando o formato de desfile até então em desuso, o tom dramático e teatral impressionou o público na coleção que fechou a semana de alta-costura desta temporada. Em estilo film noir, as referências da coleção foram as fotos noturnas de Paris dos anos das décadas de 20 e 30 do fotógrafo e cineasta húngaro Brassai.
Os personagens vagueiam por bares e cafés nas noites parisienses em clima de mistério, voyoerismo, violência e sedução. Em meio a um cenário decadente repletos de garrafas, espelhos e drinks abandonados, a teatralidade dos modelos encarnava roupas que reinventaram a silhueta. Vestidos em tons aquarelados, casacos amplos e peças trabalhadas na sua estrutura deformada de maneira proposital aproximaram a roupa do figurino.
Os corsets que afinam a cintura – tão comuns na Belle Époque - foram o ponto focal da coleção. Os quadris apertados enfatizaram o trabalho com tecidos, amarrações e vários truques de styling ao longo do desfile.
Releituras
Dior
Assim como em coleções passadas, Maria Grazia Chiuri dedicou a apresentação a produções mais soltas com propostas para o uso cotidiano. Nesse ritmo, a diretora criativa procurou atualizar as criações de Monsieur Dior no resgate e na releitura de códigos clássicos da marca.
O desfile começa com peças em alfaiataria em tom bege principalmente em saias e camisas. Nas produções noturnas, aparece o moiré, tecido originário da Ásia Central conhecido pelo brilho resultante de um processo cuidadoso de polimento em pedra.
Jean Paul Gaultier
Não é novidade que o ultrafeminismo é uma das tendências que mais viralizaram nos últimos tempos. Laços, bordados, tule e flores já fazem parte de várias produções. Para o olhar da irlandesa Simone Rocha à frente da Jean Paul Gaultier, isso não poderia ser diferente.
Desde que o designer se aposentou em 2020, vários nomes já passaram pela marca em forma de colaboração. Como a primeira mulher no comando criativo, Simone Rocha emprestou seu olhar para reinterpretar códigos da marca. Do estilo marinheiro, ao corset de Madonna criado na década de 1980, a designer inseriu novas interpretações para a estética da marca.
Há anos, a label é conhecida por retratar o universo dos marinheiros em seus elementos mais icônicos, como listras e cores frias, como azul em contraste com o branco. Simone os usa à sua maneira. A camiseta listrada ganha fitas e laços, os vestidos longos têm amplitude nos quadris com toque romântico de bordados, além dos volumes dramáticos nos ombros e nas saias. Uma forma de sair do óbvio, resgatar a tradição e perpetuar o legado da marca.
Giambatista Valli
Na apresentação, não faltaram opções para as noivas com vestidos suntuosos e repletos de tendências que proliferaram nos últimos tempos. Imagens marcantes passaram pelos feeds de muitos no radar das tendências. Laços, flores, tule, bordados, além de volumes românticos fizeram produções suntuosas ao longo do desfile.
Essência Clássica
Chanel
Para esta temporada, a marca centenária impressionou os convidados com a apresentação The Button (O botão, em português). O elemento, que ganhou status de joia entre os elementos mais conhecidos da marca, teve formato agigantado e suspenso no teto para o desfile.
Inspirada pelo balletcore pela imersão no universo delicado da dança clássica, Virginie Viard apostou em tons de branco e rosa pastel, além de bodies e detalhes mil com rendas, laços, babados e pregas. Vestidos e macacões fizeram a vez com saias de tule que se destacaram pela sobreposição com transparência. Levando as formas longilíneas do corpo da dança a sério, a meia-calça branca reinou com sandálias de tiras finas. O frescor e a delicadeza da paleta de cores e os volumes levaram os passos da dança para a passarela.
Giorgio Armani Privé
Respiro é a palavra para resumir a proposta da marca nesta temporada. Com modelos elegantes e delicados, as produções levaram bordados e rendas tão leves quanto o efeito do vento sob o tecido. A suavidade das formas aliada à sutileza das cores foram as principais apostas.
O veterano da moda apostou em uma silhueta clássica, mas, nem por isso, menos fashion e com cores tonalizadas na medida certa. Rosa, verde e azuis, por vezes, em versões metalizados convidam a entrar em um universo de harmonia e tranquilidade.
Fendi
Parceiros de outras coleções, o desfile exibiu o trabalho de Kim Jones na elaboração das peças, Delfina Delettrez na joalheira e de Silvia Venturini no trabalho precioso com a clássica bolsa Baguette da marca.
Essencialmente, a ideia foi reviver o tempo em que Karl Lagerfeld dirigiu a marca por mais de cinco décadas. Com paleta de cores simples – preto, branco, cinza e prateado -, a silhueta e as proporções das peças acompanham esse espírito. Os vestidos coluna, as modelagens justas e as construções minimalistas trazem uma atmosfera elegante, clássica e longilínea.