Saint Laurent sobrepõe força feminina no Verão 2023

Com quantos pesos e medidas se faz uma coleção impecável? A resposta está no verão da Saint Laurent. Anthony Vaccarello dá sequência ao estudo da silhueta longilínea que marcou principalmente o atual inverno. A diferença está no avanço estético desse exercício, com texturas levíssimas, quase sempre transparentes sob casacos mais longos e com aparência pesada. Sim, você leu casacos para o verão. Mas é preciso repensar a ideia de casaco conectado a dias frios. Aqui, eles podem até parecer robustos, mas são de lã levíssima, de couro sutil, que aquece moderamente e traz twist. Pense em uma peça protetora para as noites com brisa fresca e, até mesmo, a sofisticada fuga para estações de esqui. CorpoXRoupa. Essa leitura nos leva à inspiradora e radical da dançarina e coreógrafa Martha Graham, inspiração para esta coleção. Principalmente sua coreografia “Lamentation”, de 1930, focando intensamente no corpo. E, depois, flertes com momentos da Maison: os vestidos diáfonos de chiffon com capuz que Yves Saint Laurent fez para uma colaboração com Claude Lalanne em 1969, a alta-costura verão 1985, o último desfile do fundador da casa para o inverno alta-costura 2002, que reprisou o tema. Dos anos 1980 vieram os capuzes, ponto importante para vestidos em jérsei de seda, ricos também em torções. O vestido em malha metálica com estampa digital de leopardo é especial. Note: são itens quase “nada” nos cabides que se transformam em espetáculo quando vestidos, numa feminilidade sexy equilibrada por um perfume masculino. Pode-se pensar na alfaiataria masculina se sobrepondo ao acento feminino dos vestidos. Ou, melhor, a força feminina que se sobrepõe, ainda que a atmosfera patriarcal ainda esteja aí... A cartela de cores é capítulo à parte. Chique, extremamente chique, sempre fechada, do verde ao rosa. Para arrematar, novamente braceletes e brincos poderosos ora em metal gold, ora em madeira escura e saltos marcantes.