Moda

Isabel del Priore: muito mais do que um discurso bonito

Isabel del Priore diretora de Negócios da Animale, fala sobre iniciativas de empoderamento feminino e capitalismo consciente junto à ONU

Isabel Del Priore
Fotos: Divulgação

Em um momento onde as empresas levantam as mais diversas bandeiras como parte de suas estratégias de comunicação, Isabel del Priore, a diretora de negócios da Animale, prova que a gestão de fato de um negócio de moda, deve ser muito mais do que apenas uma imagem que agrada ao público e ao mercado. Ao assumir o cargo em 2021, seu principal objetivo é trazer à marca fundada em 1991, um olhar interno mais profissionalizado e contemporâneo.

“O grande desafio é como você vai olhar para os próximos 30 anos da marca. É por isso que eu estou aqui hoje. A gente inicia com essa nova gestão um olhar para como trazer sustentação para que ela, que acompanhe as próximas três décadas com a mesma naturalidade”, explica Isabel em entrevista exclusiva com a L’Officiel. A nossa conversa aconteceu por videoconferência, poucos meses após Isabel ter participado de eventos paralelos à Assembleia Geral da ONU em Nova York.

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Lá estava ela, junto a outros grandes nomes como Luciano Huck, Ana Fontes e Maya Gabeira, em um dos palcos mais importantes do mundo para falar sobre capitalismo consciente, que em poucas palavras é um modelo econômico pautado não só no lucro da empresa, mas também em resultados  que geram impactos positivos na sociedade e no ambiente. No evento que se tornou um pacto entre os empresários brasileiros para o desenvolvimento sustentável, Isabel participou do painel de gênero, algo extremamente importante dentro da própria Animale. “A gente quer evoluir nessa gestão feminina para mulheres pretas e pardas. Isso é o nosso grande foco, porque na equidade de gênero a gente já evoluiu”, explica ela, “é importante sempre olhar para o retrato daquela empresa, o que de fato ela entrega. O nosso cuidado aqui foi estar representando um lugar que a gente já está”.

Para Isabel, isso faz parte de uma evolução natural e genuína do ser humano “as duras penas para alguns, menos para outros”. No entanto, como estes conceitos ainda são novos dentro das empresas, destaca um grande cuidado para falar o que realmente se prega. “Isso é uma estratégia que cascateia. Quanto mais sólida ela se inicia, mais fácil será replicá-la. Dentro da Animale, isso não foi uma dificuldade, porque você não só tem a facilidade de compreensão da mulher nesse lugar de liderança, como você tem um ambiente de apoio do masculino. Esse meu lugar, foi dado de uma forma muito genuína pelo Roberto Jatahy e os diretores do Soma (grupo ao qual pertence a marca)”, conta.

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Isabel também está à frente de outra iniciativa junto à ONU, Elas Lideram 2030 que iniciou em maio deste ano. O projeto é pilotado pela Animale e mais de 1500 empresas fazem parte com o objetivo de estimular o empoderamento feminino através da criação de posições e cargos de lideranças para mulheres. Claro que liderar uma causa tão grande frente a um mercado global é uma tarefa que “traz uma pressão, de fato. Internamente, além da equidade de gênero, há de se movimentar o nosso mercado, o setor privado, não só a moda”, comenta. Há a responsabilidade de demonstrar de fato diversos exemplos de resultados positivos que isso traz às empresas uma vez que “sabemos a diferença que isso faz na vida de várias mulheres e famílias. Essa é a linha lista do que fazer pós ONU. Que eu já tinha antes, mas agora é, sem dúvida nenhuma, muito mais latente. É uma missão maravilhosa”.

Há empresas que vão participar destes movimentos simplesmente porque é a moda do momento? Isabel considera que sim, “mas a gente tem que fazer o nosso trabalho”, mesmo que o impacto disso tudo, no entanto, demore algum tempo para ser percebido, “entender se isso de fato está semeando, vão ser realmente essa próxima geração”, explica contudo que o foco é a longo prazo uma vez que o objetivo “o mais importante é o recrutamento e o plano de carreira para essas novas mulheres que estão vindo, que esse processo para elas seja diferente do processo que foi antes”.

Apesar dos desafios que ainda são apresentados no mercado brasileiro, principalmente em moda e varejo, ela está otimista com o desenvolvimento “é um momento que eu estou entendendo que a moda nacional se conscientizou e ela não tem outra opção”, conta, “há toda uma cadeia de valor. Você tem um consumidor consciente. Acabou aquela época que você cria como e o que quiser, vende o que quiser. Hoje em dia todo mundo tem acesso à informação, então não teve outra saída”. 

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Esta profissionalização da moda brasileiro, certamente é positiva e oferece ainda mais oportunidades para quem deseja entrar no mercado futuramente. “Eu fico muito feliz de ver no Brasil tudo isso se profissionalizando e para essa nova geração. Ter uma possibilidade de você investir nos teus estudos, para de fato construir uma carreira na moda brasileira ou em comunicação para a moda ou para outras frentes. Sinto hoje um grande divisor de águas que tudo isso culminou nos últimos anos”.

Além dos projetos de gestão interna, Isabel também não esconde a felicidade de estar a frente a uma das principais marcas do mercado nacional, "é um orgulho e esse orgulho ele vem sempre com um grande desafio. Como pegar essa marca que é tão querida e tão aceita?”, reflete, “se você olhar para o Sudeste e o Nordeste, ela é tão bem recebida nesses mercados que têm culturas e comportamentos tão diferentes. Sem dúvida, ela é uma grande marca por estar nesse lugar”.

Para a Animale, sob a liderança de Isabel, algumas novas portas estão se abrindo. Mesmo não podendo divulgar ainda, podemos dizer com segurança que vai dar o que falar. 

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