L'Officiel Brasil #74: redescoberta do luxo na moda e fora dela
L'Officiel Brasil #74: leia a carta da editora e saiba o que esperar da nova edição da revista
Demos o start à edição L'Officiel Brasil #74, que você tem em mãos, antes de o coronavírus virar uma pandemia. Eu estava em Milão quando os primeiros casos foram relatados na região da Lombardia. Foi no último dia da semana de moda italiana, quando recebi a notificação de que o desfile de Giorgio Armani seria a portas fechadas. Tratando-se de uma nova doença, pouco sabíamos como prosseguir, mas prosseguimos – com todos os cuidados necessários, obviamente. Em Paris, já com algumas poucas cautelas, as apresentações ocorreram normalmente – nada de isolamento, quarentena e afins.
O jornalista Sylvain Justum traz um olhar sobre essa situação e analisa momentos que refletem um tanto sobre a individualidade – em tempos de corona – apresentada nos fashion shows. De forma consciente ou não, a ideia veio à tona. Em Balenciaga, com seu cenário composto de água espalhada pela passarela (representando o caos ambiental) e um céu escuro (uma referência às tempestades e aos tempos difíceis). A cor preta foi, indiscutivelmente, predominante na passarela. Seja em veludos, como apresentado pela Fendi em peças superfemininas, seja como a cor escolhida para compor os mais de 30 looks da Dolce & Gabbana, em propostas confortáveis e com boas doses de ousadia. O all black surgiu com uma ideia de novos significados dentro de cada grife.
Na sequência, Sylvain também faz um apanhado sobre os últimos 12 meses sem Karl Lagerfeld e como ficaram as grifes que eram comandadas pelo Kaiser – Chanel, Fendi e sua marca homônima. Afinal, o barco andou para elas e suas respectivas sucessoras.
Nas nossas capas, três mulheres especialíssimas. Taís Araújo está entre elas. A atriz carioca, que já estreou como protagonista em 1995, traz no currículo mais de uma dezena de novelas, peças de teatro e por aí vai. Ela é destemida e mostra sua força em entrevista dada à nossa redatora-chefe, Karina Hollo, falando sobre carreira, maternidade, sororidade e sustentabilidade. Uma mulher de muitos assuntos e com uma opinião que nos faz realmente refletir. Em um ensaio fabuloso feito pelo fotógrafo Fernando Tomaz, com a edição de moda de Rita Lazzarotti e a beleza assinada por Henrique Martins, a bela cresce ainda mais.
Já a modelo paranaense Celina Locks, que cruzou as passarelas internacionais por várias temporadas, tem se dedicado a causas sociais e ambientais. Clicada por Layla Motta, com styling de Lucio da Fonseca e beleza de André Matos, ela estampa nossa capa com um look Giorgio Armani.
Last, but not least, Laura Barros, que desfilou para uma série de marcas durante o inverno 2020, veste a coleção de alta-costura da Christian Dior, em Paris, entrando em barcos, dançando e deitando pelas ruas parisienses. A equipe – com o talentosíssimo fotógrafo Tom Tebet, moda escolhida a dedo por mim e maquiagem de Manu Horn – fez uma brincadeira com a ideia de uma deusa greco-romana urbana.
As capas, pensadas com tanto otimismo, trazem uma ideia sobre os novos tempos. E não exatamente de incertezas. A moda vai continuar sendo o nosso meio de inspiração e desejo e, como sempre, irá refletir o que estamos vivendo. Impossível se manter em uma bolha, alheios a tantas situações. Mas é importante manter os ânimos e não deixá-la de lado.
Na Itália e na França, conglomerados e marcas fizeram suas doações – desde financeiras até máscaras, equipamentos para hospitais e álcool gel. Não é fácil, mas vai passar. Mudanças, naturalmente, vão acontecer.
Ficaremos mais fortes, unidos (mesmo que, por enquanto, não fisicamente) e muitos irão se reinventar, buscar o novo, repensar e compreender o que tudo isso pode impactar em uma nova consciência. Posteriormente, iremos nos perguntar sobre o que é o luxo dos novos tempos. Quando aliviar, entenderemos que o resultado dessa equação será, de fato, o novo luxo.
A L'Officiel Brasil #74 pode ser encontrada nas bancas e nos apps da GoRead e ClaroBanca