Confira todos os detalhes do primeiro e segundo dia de Paris Fashion Week

Junya Watanabe fez uma viagem imaginária aos Andes e encheu a mala com as estampas étnicas comuns entre bolivianos, chilenos e peruanos. O continente africano foi representado pela grife Lukhanyo Mdingi, que não abandou a ancestralidade e o handmade. Verde-bandeira, amarelo-canário, tons terrosos, muito xadrez e listrados componíveis garantiram a elegância das peças. Youths in Balaclava mostrou um script com jeitão de “Duna” misturado a algum faroeste esquecido na gaveta de Quentin Tarantino, com pílulas de “Blade Runner”. Ficou confuso? Nós também... E as roupas refletem esta desordem – não dá para entender se estamos diante de um punk do apocalipse ou de um grafiteiro do fim do mundo.

Études mandou bem no lado onírico. A festança abarrotada de gente não passou de um devaneio. O presente ficou vazio, abandonado. A moda acompanhou este recorte, buscando na terra o renascimento. O contato humano virou conforto e a intensidade do laranja deu um up de energia para seguir adiante.

O segundo dia contou com 15 marcas – que, graças a facilidade do mundo digital, puderam ser vistas. Bianca Saunders abriu com efeitos gráficos, tonalidades como mostarda, vermelho-tomate e diversas gradações do azul, e silhuetas visivelmente aconchegantes. Ao que tudo indica, estamos em 1980. Pelo menos para parte da indústria da moda, que escolheu a década dos yuppies, da legging, de Wall Street e da cocaína como o ápice para 2022. Ernest W. Baker e Acne Studios estão no rol dos que flertaram com a trend.

Winnie trabalhou as camadas com estilo e delicadeza. Embora tudo transite na mais profunda normalidade, a moda é boa, descomplicada e colada numa modernidade que poucas grifes ousaram pisar. Hed Mayner intercalou o oitentinha com o hiper-realismo nipônico, com exageros dramáticos e nostalgia na medida exata.