French Bloom lidera o movimento de vinhos espumantes sem álcool
Conduzida por duas mulheres, a French Bloom lidera o movimento de vinhos espumantes sem álcool no mundo da moda e do luxo
Superbloom! Conduzida por duas mulheres, a French Bloom lidera o movimento de vinhos espumantes sem álcool no mundo da moda e do luxo. Confira!
“Eu chamo os mocktails [coquetéis sem álcool] de saladas de frutas”, diz a modelo Constance Jablonski. Sua amiga Maggie Frerejean-Taittinger concorda. “É uma pena quando é muito doce e você não pode tomar três ou quatro.”
Em 2021, as duas criaram o French Bloom, um espumante zero álcool, como uma alternativa muito necessária à água (muito entediante), ao refrigerante (muito casual) e aos temidos, caríssimos e dulcíssimos mocktails para quem não bebe ou apenas tem consciência de quanto álcool bebe.
Jablonski é francesa, assim como o marido de Frerejean-Taittinger. Elas já eram amigas, mas estreitaram os laços em 2019 porque ambas se sentiam como… o que quer que seja o oposto de “alma da festa”. Quando trabalhava no projeto internacional do Guia Michelin, Frerejean-Taittinger descobriu como era sentir-se excluída por estar grávida de gêmeos e não poder beber. Ela nunca sentiu que realmente aproveitava a diversão em casamentos nem nas festas de fim de ano. Jablonski, da mesma forma, sabia o que significava dizer não a um drinque. “Como modelo, eu viajava sem parar e estava sempre com jet lag. O álcool nem sempre era compatível com minha vida. Mas, na vida social e profissional, é difícil se socializar sem uma bebida alcoólica.”
Com o casamento, Maggie entrou para a família Taittinger, dos champanhes, então elas saíram na frente. Mas o lançamento do French Bloom não foi totalmente tranquilo; alguns produtores desdenhavam do que elas tentavam fazer. “É um mundo dominado por homens e tende a ser um clube do Bolinha”, diz Frerejean-Taittinger. Ela e Jablonski tomaram a decisão consciente de procurar uma mentoria feminina, que encontraram em Béatrice Cointreau, uma especialista em champanhe e conhaque e grande defensora da maior participação de mulheres no setor. Cinquenta por cento dos membros do conselho estratégico da French Bloom são mulheres, e o objetivo delas é incentivar talentos femininos nesse segmento.
Diversidade de gênero é ótimo, mas e quanto à bebida em si? A variedade Le Blanc traz notas cítricas e de maçã, mas é seca como os melhores espumantes e tem uma efervescência bastante refinada, então as bolhas não dão a mesma sensação de uma Coca Zero. Parece que estamos bebendo um aperitivo celebratório sem que se tente replicar o champanhe nota por nota. O French Bloom não tenta ser champanhe; é algo original, com muito orgulho.
O French Bloom PODE SER ENCONTRADO TANTO EM lugares NOTÁVEIS PELA NOITE AGITADA QUANTO EM LOCAIS frequentados PELAS PESSOAS MAIS SAUDÁVEIS DOS grupos SAUDÁVEIS.
Frerejean-Taittinger compara isso tudo ao setor de cervejas não alcoólicas. “Dez anos atrás, elas eram quase intragáveis, e hoje são boas. Houve muitas inovações técnicas que permitiram esse aprimoramento.” Jablonski se lembra de seu tio, que não bebia, a quem a família servia uma triste cerveja sem álcool que era mantida escondida na cozinha.
Foram precisos quatro anos e mais de 70 tentativas para que as sócias chegassem à fórmula certa: começar com um Chardonnay francês, remover manualmente o álcool até alcançar 0%, e aí adicionar apenas a quantidade exata de ingredientes, como limão-siciliano, para recuperar a acidez que se perde no processo de desalcoolização. Elas queriam que o produto fosse orgânico e livre de sulfitos, assim como seus vinhos naturais preferidos, vegano, de baixa caloria, sem açúcares adicionados e totalmente sem álcool, para que fosse seguro para gestantes.
Quando lançaram o French Bloom, elas imaginavam que ele seria consumido principalmente por mulheres americanas que estavam se iniciando no movimento sem álcool e de curiosos pela sobriedade, ou então por mercados com uma alta demanda de bebidas não alcoólicas por motivos religiosos.
E, mesmo que 70% das pessoas que compram o French Bloom sejam mulheres, as sócias se surpreenderam com o fato de que, em dois anos, passaram a fazer sucesso em Paris (o mercado francês é o que mais cresce), o que é o exato oposto do que esperavam. Elas lançaram a bebida no Grande Épicerie, no Le Bon Marché, em Paris, onde venderam 10 mil garrafas nos três primeiros meses.
E agora o French Bloom pode ser encontrado tanto em lugares notáveis pela noite agitada – como os hotéis Carlyle e Beverly Hills, o Ritz de Paris e o clube londrino Annabel – quanto em locais frequentados pelas pessoas mais saudáveis dos grupos saudáveis (alguém aí no Erewhon?). Essa mistura é intencional e indicativa de uma tendência ainda maior do setor de bebidas alternativas ao álcool que são divertidas, bem produzidas e exclusivas, como Ghia, De Soi e Figlia.
“O interessante é que Maggie e eu bebemos vinho”, revela Jablonski. “Somos curiosas pela sobriedade, mas não totalmente sóbrias. A maioria de nossos clientes é curiosa, mas, como sua vida social é integrada aos negócios, eles não podem se sentir mal no dia seguinte. De minha parte, vou beber o French Bloom na mesma noite em que vou beber álcool. É só um modo de maneirar um pouco.”
Além do Le Blanc, elas têm o Le Rosé, e agora miram um novo produto, um prestigiado cuvée que vai ser o primeiro vinho vintage sem álcool.
Mas, mesmo que o French Bloom e o setor de bebidas não alcoólicas já tenham percorrido um longo caminho, eles não são onipresentes. “A melhor maneira de encontrar o French Bloom nos menus é pedindo por ele. Supervisores de bebidas e sommeliers dizem que não precisam dele. Mas como os comensais saberiam que podem pedi-lo se nem sabem que existe?”, questiona Frerejean-Taittinger. “Temos muitas marcas de luxo e moda que estão começando a oferecer o French Bloom em eventos de imprensa e de influenciadores. Inclusão significa incluir clientes que queiram um drinque e os que não queiram.”
Jablonski aconselha trazer seu próprio French Bloom. “Se tudo o mais falhar”, diz ela, rindo, “Leve-o a um jantar. Pague a rolha; vale muito a pena.