Bela Gil: apresenta o novo 'Saia Justa' e seus ideais disruptivos
Bela Gil em entrevista exclusiva à L’Officiel Brasil onde fala da visão sobre feminismo, moda e a dinâmica do programa que chacoalha a TV brasileira
Em uma entrevista exclusiva para a L'Officiel Brasil, Bela Gil, renomada chef e apresentadora, compartilha seus pensamentos e experiências sobre a nova temporada do icônico programa "Saia Justa". Com um currículo impressionante que inclui seu trabalho no restaurante vegetariano Camélia Òdòdó, suas publicações best-sellers e sua formação acadêmica internacional, Bela Gil traz uma perspectiva enriquecedora e apaixonada para a televisão brasileira. Ao lado de Eliana, Rita Batista e Tati Machado, Bela expressa entusiasmo pela nova dinâmica do programa, destacando a importância da abordagem acolhedora e respeitosa que essas figuras trazem ao debate. A temporada renovada promete explorar temas relevantes e atuais com uma leveza que reflete o compromisso do programa em ser um espaço de reflexão e descontração para o público feminino.
Além de suas contribuições para o "Saia Justa", Bela revela como sua visão sobre alimentação saudável e práticas sustentáveis continua a moldar sua vida e sua carreira. Ela discute a importância de abordar temas como a economia do cuidado e o trabalho doméstico não remunerado, demonstrando seu empenho em trazer à tona questões cruciais para a sociedade. Com uma abordagem autêntica e uma perspectiva amadurecida, Bela Gil se mostra pronta para mais uma temporada de conversas significativas, contribuindo para um diálogo enriquecedor e transformador no cenário da televisão brasileira.
L’Officiel Brasil - Bela, como está sendo a experiência de apresentar o "Saia Justa" ao lado da Eliana, Rita Batista e Tati Machado? O que você mais admira em suas colegas de programa?
Bela Gil: Está sendo muito bom, uma experiência gostosa. Eu acho que essa formação está muito acolhedora, muito respeitosa e muito inteligente também. A Eliana é muito experiente, com mais de 30 anos de televisão, e de uma generosidade tamanha, sempre. Eu sinto que ela me abraça e tem sempre algo a ensinar, de uma maneira muito delicada. Isso eu acho muito gostoso. A Tati é uma simpatia em pessoa, traz alegria e levanta o astral do programa e da gente ali no sofá. E Rita, também com uma potência, na sua voz, na sua fala, que é bem perspicaz. É um grupo muito potente, muito forte, que traz conteúdo e profundidade, mas com uma leveza muito grande, e, claro, diversão porque essa é a marca nova do “Saia Justa”, um programa para se divertir.
L’Officiel Brasil - Quais temas você está mais empolgada para abordar nesta nova temporada do "Saia Justa"?
Bela Gil: A gente está sempre aberta para falar sobre tudo. Recentemente, eu lancei um livro chamado “Quem Vai Fazer Essa Comida”, que traz a temática do trabalho doméstico não remunerado e a sua relação com a alimentação saudável. Então, eu acho que seria muito interessante a gente começar a debater esse assunto da economia do cuidado, do trabalho doméstico não remunerado, da sobrecarga da mulher, principalmente, das mães, essa pressão da maternidade, de dar conta de tudo e fazer tudo. Então, acho que seria interessante a gente debater a divisão dessas tarefas entre os gêneros, dentro e fora de casa. Acho que é um assunto que eu me aprofundei muito nos últimos anos, que eu quero trazer para o debate público e acho que o “Saia” é um grande porta-voz para isso.
L’Officiel Brasil - Como você vê a importância do "Saia Justa" no cenário atual da televisão brasileira, especialmente para o público feminino?
Bela Gil: O Saia Justa é esse programa bem disruptivo por trazer pela primeira vez quatro mulheres debatendo sobre assuntos femininos na televisão brasileira. Eu acho que a gente tem o desafio de manter a relevância desse programa dentro do universo feminino. O mundo vai mudando, o tempo vai passando, e o programa também tem que mudar. Então, a gente entendendo o público que assiste ao “Saia” e quem a gente quer alcançar, entendemos o novo formato. Essa nova proposta, que é mais leve, mais empática, que reflete quem está nos assistindo ali no sofá. Eu acho que o grande ganho, tanto para o programa quanto para o público, é a gente nunca perder a possibilidade de inserir debates fundamentais para a nossa sociedade, para gente avançar como sociedade e como mulher na sociedade, mas de uma maneira diferente e mais acolhedora.
L’Officiel Brasil - Bela, você recentemente adotou um novo visual com cabelos curtos e continua linda, diga-se de passagem. Como está sendo essa nova fase para você? Quais mudanças você sentiu desde então?
Bela Gil: Eu estou amando o cabelo curto. Acho que terei dificuldade de deixar crescer de novo. É uma liberdade muito grande. A gente entende quanto tempo a gente perdia. Perdia é relativo, porque acho que se cuidar, querer ficar bem e querer ficar bonita tem o seu valor. O cabelo curto traz uma praticidade para vida que é muito gostosa. Foi uma mudança muito grande na minha rotina do dia a dia. Eu estou cada vez gostando mais, me olhando no espelho e achando super interessante esse visual. Acho que traz uma Bela mais madura, um pouco mais sofisticada e com as ideias mais amadurecidas. Eu acho que a mudança de dentro se refletiu nesse corte de cabelo.
L’Officiel Brasil - Seus filhos são extraordinariamente talentosos assim como toda a família, como você lida com a alimentação e educação deles no dia a dia? E quando foi que você precisou explicar para eles sobre essa exposição à vida pública?
Bela Gil: Eu tenho um cuidado com a alimentação dos meus filhos desde antes do nascimento deles. Eu sou uma pessoa que acredita na educação alimentar como uma ferramenta para dar a eles o direito de ter uma alimentação saudável para o resto da vida. Eu acho que quando a gente aprende a comer bem quando criança, a gente cultiva esses hábitos para a vida inteira. É muito mais fácil a gente se educar do que se reeducar aos 30 anos de idade, se perguntando porque ninguém nunca me ensinou a comer legumes e verduras. Então, eles têm uma alimentação dentro de casa muito rica e muito diversa, muito saudável. Mas com toda a liberdade de ser exposto e consumir, desde bolo a brigadeiro, em uma festa de aniversário, a ir na churrascaria com os avós, por exemplo. Dentro de casa, eu restrinjo os alimentos que eu acredito que não são saudáveis. Não entram ultraprocessados e refrigerantes.
E sobre a exposição da vida pública, eu acho que do mesmo jeito que eu cresci em uma família com exposição, eles estão crescendo, e como meus pais nunca tiveram que olhar para mim e falar ‘olha é isso, isso, isso que acontece’ eu também não tive que fazer com eles. É natural, é algo que corre naturalmente dentro da gente.
L’Officiel Brasil - Não poderia deixar de falar da sua ligação com a Preta e com a sua família que é sempre muito unida. Como eles influenciam sua vida?
Bela Gil: Bom, minha família é a base da minha formação. A Preta é uma pessoa que eu admiro desde que eu nasci. Eu lembro da alegria que era quando ela chegava na minha casa, quando eu ia para casa dela, quando estávamos juntas nas festas na casa em Salvador. Era uma sensação de êxtase, de contentamento, uma felicidade extrema de tê-la por perto. E minha família, meus pais sempre me deram a liberdade para seguir o meu caminho, entender o meu caminho e seguir da maneira que eu achava que deveria fazer. Eu acho que esse tipo de educação foi muito importante para eu poder me achar e entender o meu papel no mundo.
L’Officiel Brasil - O feminismo é um tema recorrente nas suas falas e ações. Como você enxerga a importância desse movimento nos dias de hoje, ainda mais nesse momento em que vemos uma avalanche de violências contra as mulheres e de que forma você o aplica na sua vida e no seu trabalho?
Bela Gil: O feminismo é uma bandeira, uma militância, um ativismo que nunca deve morrer até a gente conseguir atingir uma igualdade de direitos tanto para mulheres quanto para homens, enquanto a gente existir no mundo binário, onde homens e mulheres vivem como opostos, digamos assim. Essa luta é super importante e eu sou uma feminista e pratico o feminismo. Tenho dois filhos: um menino e uma menina. A minha educação para os dois é a mesma, mostrando sempre a importância e o valor das mulheres na sociedade. É tão naturalizado dentro de mim, dentro da minha vida, da minha rotina que é difícil pontuar. Eu acho que quem me olha de fora consegue enxergar muito mais e pontuar atitudes e ações feministas do que eu mesma. Faz tão parte da minha vida que é difícil para mim nomear. Mas eu sou, me sinto e, não à toa, pegando o gancho do meu último livro que fala exatamente da importância de valorização do trabalho doméstico, porque é feito majoritariamente pelas mulheres para a gente atingir uma justiça de gênero.
L’Officiel Brasil - Você disse que não gosta de rótulos e se considera uma “vegetariana que come carne”. Pode explicar melhor essa sua escolha e como ela se encaixa no seu estilo de vida e filosofia alimentar?
Bela Gil: Eu sou vegetariana há um bom tempo. Eu digo que eu não gosto de rótulos e sou uma vegetariana que como carne, porque eu estou vegetariana há muito anos, mas na gravidez da minha filha, por exemplo, eu senti vontade de comer carne e comi. Na gravidez do meu filho, eu comi uma ou duas vezes peixe também. Então, eu sinto que eu tenho os meus valores, eu tenho os meus princípios, não como carne. Estou vegetariana muito por entender que uma escolha simples, como essa, tem um impacto muito grande. A gente come três vezes ao dia, são três escolhas que a gente pode fazer para diminuir o impacto ambiental e para melhorar a nossa saúde. Eu acho que permanecendo e entendendo esses valores, vira e mexe podemos ter momentos que deem vontade ou que por uma ocasião, por uma celebração, você se sinta ok de consumir, ou por questões de saúde. Eu acho que não precisamos ficar completamente algemadas a uma ideia que a gente planta na nossa cabeça. Acho que é importante conhecer os extremos e atingir o caminho do meio. O caminho do meio na minha vida hoje ainda é o vegetarianismo.
L’Officiel Brasil - Bela, seu estilo é bastante autêntico. Como você define seu estilo pessoal e quais são suas principais influências na moda? Existe alguma peça que é figura marcada no seu guarda-roupa?
Bela Gil: Eu acho que a calça jeans é bem marcante no meu guarda-roupa. É uma das peças que eu mais uso e que eu mais gosto, e uma blusa básica, branca, eu adoro. No meu dia a dia, eu acho esse básico muito gostoso. Eu gosto de pensar em coisas em brechó e produções limitadas. Peças bem feitas, bem pensadas e únicas. Eu acho muito interessante sair um pouco da moda de massa, da padronização. Eu vou lá e desconstruo e uso uma meia de cada cor e um brinco de cada tamanho. Acho que, assim como já fiz muito na comida, na culinária, na moda, eu sinto que é mais uma forma de expressar meu jeito disruptivo.
L’Officiel Brasil - Além da alimentação, que outras práticas você adota no seu dia a dia para manter uma vida saudável e equilibrada? Quais dicas você daria para alguém que quer começar a ter uma alimentação mais natural e saudável?
Bela Gil: Eu pratico meditação e faço ioga há mais de 20 anos, não, necessariamente, todos os dias. Eu tenho ciclos e fases em que estou praticando mais ou menos, mas os princípios e valores da ioga continuam dentro de mim. Eu acho que pratico ioga todos os dias mesmo não praticando os asanas. Agora, eu estou andando de patins e tem sido muito interessante e gostoso para desopilar de tanta carga que a gente carrega no dia a dia. Massagem é muito importante para mim também. E alimentação, beber água, líquidos, em uma quantidade suficiente, é importante. Eu divido entre chás e água no meu dia a dia. Acho que uma boa rotina de sono e aquelas coisas básicas. Eu acho que o coração também tem que estar em paz, estar tranquilo. Acho que quando a gente está satisfeito com o trabalho, quando a gente está alinhado ao nosso propósito, ajuda muito. A saúde mental e a saúde física têm que andar juntas.
Ping pong:
L’Officiel Brasil - Um prato que você nunca enjoa?
Farofa
L’Officiel Brasil - Um hobby que te relaxa?
Massagem
L’Officiel Brasil - Um ingrediente indispensável na sua cozinha?
Limão
L’Officiel Brasil - Um livro que te marcou?
Autobiografia de um Iogue, Paramahansa Yogananda
L’Officiel Brasil - Um destino de viagem dos sonhos?
Japão
L’Officiel Brasil - Uma música que você adora ouvir?
“Cores Vivas”
L’Officiel Brasil - Um conselho que você sempre leva para a vida?
Existir já é muito