Surrealismo e moda: a realidade do on&iacute;rico, o sonho, o fant&aacute;stico e a irrealidade no di&aacute;logo arte-moda

<a href="https://www.revistalofficiel.com.br/moda/surrealismo-aposte-em-detalhes-de-tendencia-vanguardista">Surrealismo</a> e <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/sonia-delaunay-a-mulher-das-artes-a-moda-do-design-ao-figurino">moda</a>: a realidade do on&iacute;rico, o sonho, o fant&aacute;stico e a irrealidade no di&aacute;logo <a href="https://www.revistalofficiel.com.br/arte/arte-e-moda-feminilidade-com-olhar-critico-e-sensibilidade">arte-moda</a>. Saiba mais!

Na historiografia da arte, o intervalo de tempo da ent&atilde;o denominada &ldquo;arte moderna&rdquo; come&ccedil;ou com o impressionismo, na d&eacute;cada de 1870, ainda no s&eacute;culo 19, e foi at&eacute; a &uacute;ltima das vanguardas do ent&atilde;o per&iacute;odo dos &ldquo;ismos&rdquo;, que foi o surrealismo, nas d&eacute;cadas de 1920 e 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Para discorrer sobre as propostas surrealistas na moda, faz-se necess&aacute;rio, primeiramente, transitar pelo universo das artes visuais e at&eacute; mesmo entender o zeitgeist de ent&atilde;o, assim como conhecer a origem da palavra &ldquo;surrealismo&rdquo;.&nbsp;

Em 1917, o escritor, poeta e cr&iacute;tico de arte italiano radicado em Paris Guillaume Apollinaire (1880-1918) forjou e usou a palavra &ldquo;surrealismo&rdquo; pela primeira vez para descrever uma de suas pe&ccedil;as teatrais, em uma esp&eacute;cie de identifica&ccedil;&atilde;o de um &ldquo;super-realismo&rdquo;, de uma &ldquo;supra-realidade&rdquo;. J&aacute; com o &ldquo;Manifesto do Surrealismo&rdquo;, de 1924, o escritor, poeta, ensa&iacute;sta e cr&iacute;tico franc&ecirc;s Andr&eacute; Breton (1896-1966) tornou-se o principal te&oacute;rico do movimento, e a palavra &ldquo;surrealismo&rdquo;, via literatura em um primeiro momento e depois nas ent&atilde;o ditas artes pl&aacute;sticas, ganhou o sentido de &ldquo;automatismo ps&iacute;quico puro&rdquo;. Ainda em 1924, o ator e escritor franc&ecirc;s Antonin Artaud (1896-1948) disse que o surrealismo &ldquo;&eacute; o grito da mente que se volta para si mesma&rdquo;. Nesse sentido, percebemos tamb&eacute;m um livre uso dos fundamentos da psican&aacute;lise de Sigmund Freud (1856-1939), j&aacute; propostos desde o in&iacute;cio do s&eacute;culo 20 e que v&atilde;o influenciar consideravelmente a formata&ccedil;&atilde;o desse fundamento est&eacute;tico-filos&oacute;fico que foi o surrealismo.&nbsp;
Por&eacute;m, faz-se tamb&eacute;m necess&aacute;rio conhecer dois outros movimentos art&iacute;sticos das vanguardas europeias dos anos 1910 que foram antecedentes diretos e ajudaram a fundamentar as premissas do surrealismo, sendo os alicerces na formata&ccedil;&atilde;o dessa tal identidade &ldquo;acima do real&rdquo;, &ldquo;al&eacute;m do real&rdquo;, do &ldquo;superreal&rdquo;, do &ldquo;automatismo ps&iacute;quico puro&rdquo; que veio a ser o surrealismo: os movimentos do dada&iacute;smo e da arte metaf&iacute;sica.

A italiana Elsa Schiaparelli deu uma grande e importante contribuição à moda, colocando-a no mesmo patamar das artes plásticas, em especial pelo viés do surrealismo. Em 2019, Daniel Roseberry trouxe novo sopro de modernidade à casa, em uma nova linguagem atualizada aos novos ares do tempo - Foto: Divulgação.

O dada&iacute;smo, movimento inicialmente liter&aacute;rio, fundamentado em Zurique (Su&iacute;&ccedil;a), trazia, ent&atilde;o, uma significativa revolta e um inconformismo em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s artes, propondo uma esp&eacute;cie de antiarte, especialmente devido &agrave; desilus&atilde;o causada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Ironia e cinismo associados ao il&oacute;gico, ao absurdo e ao niilismo sintetizavam o conceito do movimento, chocando, provocando e rompendo com os valores tradicionais, j&aacute; que o irracionalismo da guerra desmoronava com os cl&aacute;ssicos padr&otilde;es sociais estabelecidos daquele momento. Migrando para as artes pl&aacute;sticas, foi um conceito e uma pr&aacute;tica com as propostas de uma antiarte que descontextualizava as coisas para contextualiz&aacute;-las de outra forma. At&eacute; mesmo com o nome &ldquo;dad&aacute;&rdquo;, escolhido aleatoriamente pelo poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963), nascido Samuel Rosenstock, que o fez ao deixar cair aleatoriamente o seu dedo em um verbete de um dicion&aacute;rio Larousse, em uma p&aacute;gina aleatoriamente tamb&eacute;m aberta. Caiu na palavra &ldquo;dada&rdquo;, que por sua vez tem v&aacute;rios significados, desde &ldquo;cavalinho de brinquedo&rdquo; ou &ldquo;cavalinho de pau&rdquo; em l&iacute;ngua francesa at&eacute; &ldquo;rabo da vaca sagrada&rdquo; em l&iacute;nguas africanas, ou at&eacute; mesmo sendo a maneira carinhosa que crian&ccedil;as, aprendendo a falar, chamam seus pais ou av&oacute;s. Sendo assim, &ldquo;dada&rdquo; podia ser quaisquer e muitas coisas, ou seja, tudo ou nada, pois, com a guerra, tudo perdia sentido. O tal movimento teve o pintor, escultor e poeta franc&ecirc;s Marcel Duchamp (1887-1968) como a figura mais representativa da total descontextualiza&ccedil;&atilde;o do objeto art&iacute;stico com o seu fundamento do &ldquo;ready made&rdquo;, isto &eacute;, transformando em objeto de arte um objeto &ldquo;j&aacute; feito&rdquo;, que j&aacute; estivesse pronto de maneira industrializada, rompendo com a tradicional artesania da elabora&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica.
J&aacute; a &ldquo;pintura metaf&iacute;sica&rdquo; ou &ldquo;arte metaf&iacute;sica&rdquo; foi um conceito e estilo desenvolvido nos anos 1910 pelo artista grego (de pais italianos) Giorgio de Chirico (1888-1978), baseando-se em &ldquo;uma realidade subjacente &agrave;s apar&ecirc;ncias exteriores&rdquo;, com imagens realisticamente bem representadas em cen&aacute;rios irreais de uma imagina&ccedil;&atilde;o criativa associadas a sentimentos de mist&eacute;rio, solid&atilde;o, il&oacute;gica, alucina&ccedil;&atilde;o e irrealidade. O artista italiano Carlo Carr&agrave; (1881-1966) aderiu &agrave; proposta. Com esses dois fundamentos art&iacute;sticos foi alicer&ccedil;ado o terreno para a formata&ccedil;&atilde;o do surrealismo propriamente dito, tendo, ent&atilde;o, o dada&iacute;smo e a arte metaf&iacute;sica como seus genitores.

Iniciado na literatura em 1924, migrou para as artes pl&aacute;sticas naquele mesmo dec&ecirc;nio, tendo tido seu apogeu est&eacute;tico-conceitual entre 1925 e 1935, chegando, inclusive, a atingir o cinema, especialmente com os filmes do cineasta espanhol Luis Bu&ntilde;uel (1890-1983).
Dos nomes mais representativos deste movimento art&iacute;stico, destacaram-se o belga Ren&eacute; Magritte (1898-1967); o franc&ecirc;s Jean Cocteau (1889-1963); o espanhol Joan Mir&oacute; (1893-1983); o alem&atilde;o Max Ernest (1891-1976); o franc&ecirc;s Andr&eacute; Masson (1896-1987); o russo Marc Chagall (1887- 1985); e, especialmente, talvez o mais emblem&aacute;tico e conhecido de todos os artistas, o espanhol Salvador Dal&iacute; (1904-1989).
Baseando-se nas quest&otilde;es on&iacute;ricas (relativas aos sonhos), o surrealismo destacou-se em aspectos bizarros, inusitados, irracionais, irreais e incongruentes ao pensamento l&oacute;gico; muito dialogando com as premissas do dada&iacute;smo, com a diferen&ccedil;a que este era niilista e o surrealismo era de car&aacute;ter positivo ao esp&iacute;rito dos tempos e &agrave; ci&ecirc;ncia dos estudos psicol&oacute;gicos. Foi uma esp&eacute;cie de contradi&ccedil;&atilde;o do sonho com a realidade.&nbsp;

No que tange &agrave;s representa&ccedil;&otilde;es visuais, reconhecemos as imagens como reais de maneira isolada ali representadas sendo, inclusive, um resgate art&iacute;stico ao figurativismo reconhec&iacute;vel (em oposi&ccedil;&atilde;o ao anterior movimento do abstracionismo); todavia, no conjunto da obra, n&atilde;o procedem em realidades l&oacute;gicas, reconhec&iacute;veis e/ou entend&iacute;veis. Procedem na realidade on&iacute;rica; exatamente como um sonho no qual os atributos dos deuses gregos Hipnos (deus do sono) e seu filho Morfeu (deus dos sonhos) se fazem presentes; n&atilde;o procedendo assim com a realidade da vig&iacute;lia, do estado de consci&ecirc;ncia, do estar acordado. Da&iacute; ser considerado o movimento art&iacute;stico mais subjetivo de todos, tendo a realidade on&iacute;rica do artista, do seu inconsciente, se manifestando livremente.
Na representa&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica, reconhecemos pessoas, lugares e objetos dentro daquilo que a mente libera, mas n&atilde;o como de fato s&atilde;o na realidade, existindo somente na composi&ccedil;&atilde;o apresentada pela obra. Portanto, entra em di&aacute;logo com as quest&otilde;es inc&ocirc;nscias, com os fatos que est&atilde;o aprisionados e privados em cada consci&ecirc;ncia; numa esp&eacute;cie de entorpecimento da realidade; daquilo que &eacute; inconsciente, ou seja, daquilo que existe na mente sem o alcance do estado da consci&ecirc;ncia, que com t&eacute;cnicas ent&atilde;o usadas eram liberadas livremente pela mente dos artistas.&nbsp;
Explora&ccedil;&atilde;o do imagin&aacute;rio; dos impulsos inconscientes e ocultos; das combina&ccedil;&otilde;es inusitadas; dos arranjos visuais inesperados; da retrata&ccedil;&atilde;o dos objetos incompat&iacute;veis; das fantasias pessoais (neste caso, sejam conscientes ou inconscientes); do combate &agrave; l&oacute;gica e &agrave; raz&atilde;o, abolindo as fronteiras entre o real e o imagin&aacute;rio, s&atilde;o alguns dos fundamentos da l&oacute;gica do il&oacute;gico; da realidade on&iacute;rica; do surrealismo como vanguarda art&iacute;stica que tiveram seus rebatimentos no mundo da moda.&nbsp;

Na interface arte-moda, vou aqui me limitar a escrever sobre dois grandes nomes e seus respectivos am&aacute;lgamas com a arte surrealista: trata-se da italiana Elsa Schiaparelli (1890- 1973) e do seu atual sucessor, o americano Daniel Roseberry.
De fam&iacute;lia aristocrata, Elsa Schiaparelli nasceu em Roma e foi estudante de filosofia. Em 1913, viajou para Paris e Londres e conheceu o conde William de Wendt de Kerlor, com quem se casou em 1914. Mudaram-se para Nice (Fran&ccedil;a) e, posteriormente, em 1919, para Nova York. Separaram-se e, em 1922, Elsa retornou a Paris e enveredou-se pelo mundo da moda, abrindo sua casa de costura na capital francesa em 1927. Sua primeira pe&ccedil;a foi um su&eacute;ter de tric&ocirc; contendo uma ilus&atilde;o visual de um la&ccedil;o, tamb&eacute;m em tric&ocirc;, &agrave; altura do decote. Tratava-se do uso do trompe-l&rsquo;oeil, ou seja, uma esp&eacute;cie de &ldquo;engana olho&rdquo;, uma alegoria visual que engana rapidamente o observador pela falibilidade da vis&atilde;o. Nas artes, essa t&eacute;cnica foi criada na Roma Antiga, sendo uma ilus&atilde;o de &oacute;ptica; depois foi muito usada nas pinturas do per&iacute;odo barroco e, posteriormente, praticada no surrealismo, especialmente por Ren&eacute; Magritte.&nbsp;

Sempre bem-humorada e espirituosa, Elsa ficou amiga de v&aacute;rios artistas da Paris dos &ldquo;anos loucos&rdquo;, em especial dos dada&iacute;stas e surrealistas, como Tristan Tzara, Francis Picabia (1879-1953), Christian B&eacute;rard (1902-1949), Jean Cocteau e Salvador Dal&iacute;, sendo esses dois &uacute;ltimos autores de desenhos de estampas para seus tecidos. Coube a Elsa, devido &agrave; sua amizade com esses artistas, introduzir na moda as premissas da arte surrealista. Assim o foi, e 1937 e 1938 parecem ter sido os anos de seu maior reconhecimento. Foi ela que prop&ocirc;s a ideia de lan&ccedil;ar cole&ccedil;&otilde;es de moda com temas espec&iacute;ficos a cada temporada (o primeiro deles foi Le Cirque &ndash; O Circo); tamb&eacute;m lan&ccedil;ou seu perfume nomeado de Shocking; assim como os seus famosos chap&eacute;us-sapatos desenvolvidos com Dal&iacute;. Para o seu perfume, cujo frasco era em forma de um torso nu feminino, referente ao corpo da atriz americana Mae West (1893-1980), em quem Dal&iacute; j&aacute; tinha se inspirado para uma de suas obras, tinha uma fita m&eacute;trica ao redor do pesco&ccedil;o e na tampa do frasco um buqu&ecirc; de flores de pl&aacute;stico (tamb&eacute;m inspiradas em obras de Dal&iacute;) e, no mais, Elsa solicitou que fosse desenvolvida uma tonalidade de cor em intensidade forte, marcante e diferente para a embalagem do perfume. O tom desenvolvido foi um rosa muito intenso, que recebeu o nome de &ldquo;pink shocking&rdquo;, da&iacute; at&eacute; hoje usarmos a express&atilde;o &ldquo;rosa-choque&rdquo; para tons de rosa muito vibrantes. Essa tonalidade de rosa tornou-se a sua cor-s&iacute;mbolo.
L&uacute;dica em suas cria&ccedil;&otilde;es, desenvolveu bordados inusitados nos ateli&ecirc;s Lesage, al&eacute;m de bot&otilde;es em forma de borboleta e lagosta. Criou len&ccedil;os, luvas e cal&ccedil;ados baseados na est&eacute;tica surrealista. A Jean Schulumberger (1907-1987), solicitou bijuterias fantasiosas bem extravagantes usando pl&aacute;stico, metal e porcelana. Criou seus vestidos-gavetas inspirados nas V&ecirc;nus com Gavetas de Dal&iacute;, mas talvez o mais emblem&aacute;tico de todos seja o seu Vestido Lagosta (1937), inspirado na escultura Telefone Lagosta (1936), tamb&eacute;m de Dal&iacute;, tendo uma enorme lagosta estampada na parte frontal da pe&ccedil;a. Vale lembrar que na cidade natal de Dal&iacute; (Figueres, Espanha), lagosta era uma esp&eacute;cie de apelido para a genit&aacute;lia feminina e, portanto, insinuava que quem a usasse estivesse nua.

Assim, Schiaparelli tornou-se uma das principais figuras da moda parisiense nos anos 1930. Nomes como Hubert de Givenchy (1927-2018), Philippe Venet (1929-2021) e Pierre Cardin (1922-2020) trabalharam e foram aprendizes chez Schiaparelli.&nbsp;
Sempre inovadora, Elsa deu uma grande e importante contribui&ccedil;&atilde;o &agrave; moda, colocando-a no mesmo patamar das artes pl&aacute;sticas, em especial pelo vi&eacute;s do surrealismo, a &uacute;ltima das vanguardas da arte moderna. Realizou seu derradeiro desfile em 1954.&nbsp;
Em 2007, a Casa Schiaparelli foi adquirida por Diego Della Valle, e a partir da&iacute; foi reabilitada &agrave; moda. Christian Lacroix assumiu a dire&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica em 2013; Bertrand Guyon, em 2015; e, em 2019, a chegada do americano Daniel Roseberry trouxe novo sopro de modernidade &agrave; casa, tanto para a alta-costura quanto para o pr&ecirc;t-&agrave;-porter, e, assim, o nome Schiaparelli voltou a fazer parte das novas emo&ccedil;&otilde;es e dos desejos de consumo na moda.&nbsp;
Daniel, em suas concep&ccedil;&otilde;es, recuperou a interface artemoda com o surrealismo e, em uma nova linguagem atualizada aos novos ares do tempo, sem perder as refer&ecirc;ncias de origem de Elsa, trouxe &agrave; tona o on&iacute;rico pelo vi&eacute;s do atual conceito do &ldquo;escapismo&rdquo;, dialogando com as identidades surreais, especialmente durante e p&oacute;s-pandemia de covid-19.&nbsp;

Com suas roupas espetaculares (l&uacute;dicas como ao tempo da fundadora), seus desfiles perform&aacute;ticos, seus sapatos inusitados e, em especial, bordados e acess&oacute;rios completamente diferenciados, Roseberry mant&eacute;m a identidade e a genuinidade peculiares aos valores de Elsa Schiaparelli nos dias atuais, seja com a moda conceitual, seja com a moda comercial; al&eacute;m, obviamente, do rosa-choque e do brilho dourado.&nbsp;
Novos tempos, novas din&acirc;micas, novas leituras, novas tecnologias, novas cria&ccedil;&otilde;es, novo p&uacute;blico e novo frisson na moda.

Com suas roupas espetaculares, seus desfiles performáticos, seus sapatos inusitados, bordados e acessórios diferenciados, Roseberry mantém a identidade e a genuinidade peculiares aos valores de Elsa Schiaparelli nos dias atuais - Foto: Divulgação.

Surrealismo e moda: sonho, fantástico e irrealidade entre arte-moda

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