Karin Hils sobre o Rouge: “Meu papel foi furar a bolha”

Quem nunca dançou ao som de “Ragatanga”? Karin Hils, ex-integrante da banda Rouge, fez uma geração de crianças e jovens se renderem ao grupo musical feminino mais famoso do Brasil! A estrela, que hoje se dedica à televisão, revela em entrevista exclusiva para a L’Officiel Brasil, que mesmo quando não percebia, estava furando a “bolha” do racismo estrutural com o seu talento: “Percebo hoje que meu papel até quando eu não me dava conta disso foi furar a bolha. E eu furei com meu talento acima de tudo. Furei com a gana de querer me superar como artista a medida que uma oportunidade se apresentava…”. 

Hoje, Karin se jogou em sua carreira de atriz – obrigada, Miguel Falabella! – e dá vida à sua primeira vilã, Gláucia. Segundo ela, a personagem foi um verdadeiro desafio: “Eu pedi tanto uma vilã, que chegou a Gláucia, cheia de camadas e também traz um humor”. Além de interpretar a personagem de Whoopi Goldberg no musical do filme “Mudança de Hábito”, Karin foi escolhida a dedo pela estrela internacional, e em uma conversa cara a cara, descobriu uma super semelhança com a intérprete de Delores. Confira a matéria completa seguir:

Você comemorou 21 anos de Rouge. Qual a melhor lembrança você tem do grupo?

As lembranças mais bacanas são dos shows, com certeza. Para mim que sou cantora, além de atriz, estar no palco e me comunicando através da música é algo muito incrível, único e que me dá um prazer enorme. 

E como era o clima entre as meninas? Será que podemos esperar um revival da banda?

Intenso e tenso. Cheio de  momentos incríveis e desafiadores. Tivemos alguns reencontros, que foram essencialmente importantes para mim como artista que permaneci em exercício desde o fim do grupo. Nesses encontros pude desfrutar tudo de maravilhoso que o Rouge traz, mas com uma visão e postura mais madura e profissional em relação ao nosso trabalho. Resultado disso foi a captação de um material único e exclusivo dos bastidores do nosso último reencontro que aconteceu em dezembro de 2022, que poderia vir a compor algum documentário do grupo. Aliás, se rolar uma proposta assim será incrível ter um revival assim. 

Você já sofreu algum preconceito no meio artístico? Principalmente na época de Rouge?

Racismo estrutural e tantas outras composições, antes, durante e depois do Rouge. Isso é algo que infelizmente eu, assim como qualquer outra pessoa preta, ainda temos que lidar e tentar combater em muitas ocasiões. Percebo hoje que meu papel até quando eu não me dava conta disso foi furar a bolha. E eu furei com meu talento acima de tudo. Furei com a gana de querer me superar como artista a medida que uma oportunidade se apresentava, assim como foi no Rouge, e conquistada como foi no teatro e na tv. A transição para uma das minhas maiores paixões hoje, que é a de atuar, eu devo ao Miguel Falabella, que sempre menciono, pois creditou em mim confiança como atriz. 

Hoje, você interpreta a sua primeira vilã na TV brasileira. Como tem sido o desafio?

Como você mesma já disse, tem sido realmente um primeiro desafio maravilhoso. Eu pedi tanto uma vilã, que chegou a Gláucia, cheia de camadas e também traz um humor. Encontrar o tom exato da personagem e aceitar a natureza dela, tão diferente da minha, é algo que também me trouxe vários questionamentos. Fico feliz que o público tenha comprado essa personagem. Quero sempre me experimentar como atriz, com novas vertentes, e que a Gláucia seja a primeira de tantas outras pra somar em minha carreira. 

Em 2015 você foi escolhida diretamente pelo Whoopi Goldberg para interpretar a sua personagem em ‘Mudança de Hábito’ nos teatros brasileiros. Conta pra gente, qual a sensação?

Eu sempre me emociono com tudo isso, foi uma experiência indescritível. Eu sempre fui fã da Whoppi, cresci assistindo Mudança de Hábito, o qual considero ser um dos filmes da minha vida, com falas que me inspiram e cenas que sei todas as falas. Quando ela lançou o musical da Broadway como produtora-executiva alguns amigos diziam que eu tinha que fazer ele se viesse ao Brasil. E não é que veio? Nunca duvidei, sempre acreditei e pude vivenciar essa personagem marcante em minha carreira e vida, a Delores. A Whoppi aprovava tudo lá dos Estados Unidos, pois me parece que ela não gosta de viajar de avião. E para as ações de lançamento me levaram até Nova York para um encontro com ela, que foi até acompanhado pelo Fantástico (TV Globo) na ocasião. Foi muita emoção. Ela disse que eu podia fazer a Delores com a minha verdade e pude cantar um pouco para ela. A Whoppi ainda me contou que temos coincidência, o nome. O nome de registro dela é Caryn, mesma pronúncia e sonoridade do meu. Foi tudo uma sensação única e anestesiante.

Você é uma pessoa que ama a rotina ou prefere a adrenalina no dia a dia?

Eu busco criar uma certa rotina, mas a adrenalina no dia a dia é o que acaba prevalecendo e me movendo, ainda mais dentro do meio artístico.  

Qual a sua principal referência de moda? Tem alguma tendência que você é apaixonada?

Eu gosto muito de acompanhar as tendências autorais brasileiras e de estar de olho também nos novos talentos que sempre surgem. Até por isso sempre vejo o que é apresentado na "Casa de Criadores", onde misturam não apenas tendências, mas também diferentes questionamentos através da moda. 

Sua atividade física preferida:

Musculação e dança.

Um sonho que ainda deseja realizar:

Nunca é tarde para mudar ou ressignificar as coisas. Até por isso, hoje eu estou apreendendo a guardar segredo sobre planos e sonhos.