Ato de bondade faz bem à saúde e aumenta nível de felicidade
Atos de bondade não trazem somente a felicidade para os pratica, mas também melhoram a saúde física e mental
Você realmente quer ser feliz? Ser gentil faz bem, e uma coisa é certa: Gentileza gera bem-estar. De acordo com uma pesquisa recente publicada na revista Journal of Experimental Psychology: atos de bondade podem ter impacto maior do que o esperado. E, outro estudo publicado no Psychological Bulletin e divulgado pela American Psychological Association mostrou que atos de bondade não apenas trazem felicidade, mas melhoram a saúde física e mental.
Para nos ajudar a entender um pouco melhor sobre a importância de realizar atos de bondade, convidamos a Denize Savi, especialista em Ciência da Felicidade, com MBA em Psicologia Positiva, Neurociência e Comportamento; além de ser coordenadora da ONG Doe Sentimentos Positivos – projeto de gentileza urbana sediado em São Paulo.
Como pequenos atos de bondade podem fazer a diferença a nossa vida e na vida das pessoas?
Vivemos tão acelerados e centrados em nós mesmos, que não temos espaço para enxergar o outro. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que ajudar o próximo impacta profundamente no nosso bem-estar. Estudos apontam que praticar atos de gentileza ajuda a reduzir a ansiedade e o estresse do dia a dia. Ou seja, ser gentil é um antídoto para esse estilo de vida frenético e individualista.
Uma pesquisa realizada pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) com pacientes em tratamento para ansiedade revelou que a gentileza estimula e aumenta a produção de ocitocina, dopamina e serotonina, que são neurotransmissores de bem-estar. Nessa pesquisa os participantes foram encorajados a praticar um ato de gentileza por dia durante quatro semanas e tiveram um impacto significativo na redução da ansiedade além de um incremento na sensação de felicidade.
E por que isso acontece?
Porque quando uma pessoa faz o bem ao próximo, é ativado o sistema de recompensa do cérebro. É o circuito que processa a informação relacionada à sensação de prazer ou satisfação. Para se ter uma ideia, essa mesma área é ativada quando comemos chocolate, fazemos sexo ou brincamos com nossos pets, por exemplo.
E nem precisa dizer que o mesmo acontece com quem recebe, não é? Pare para pensar na última vez que alguém fez um elogio a você ou te ajudou em alguma situação. Como você se sentiu? A gentileza é um dos temperos da felicidade.
Quais são as atitudes que expressam bondade?
Estamos mais acostumados com a hostilidade do que com a bondade. É comum vermos pessoas impacientes umas com as outras, agressivas no trânsito, manifestando rivalidade, destilando veneno na Internet e a lista é infinita. Mas o contrário não é evidenciado porque existe um certo preconceito contra a bondade. Para algumas pessoas ser bondoso é piegas, para outras soa como falso, dando a entender que por trás de um ato de generosidade há segundas intenções.
É o tipo de tabu que precisa ser quebrado pois, quando eu enxergo o outro, respeito o outro como ele é, quando sou gentil ou generoso, eu promovo harmonia e isso reverbera de forma muito positiva, não só entre as partes envolvidas como em todo o entorno.
É preciso ter atitude consciente para praticar atos de bondade, pois inconscientemente temos uma tendência a sermos negativos. Isso é da natureza humana. Portanto, para incluirmos atitudes de gentileza e generosidade na nossa vida, precisamos, em primeiro lugar, praticar a empatia. Diferente do que as pessoas pensam, empatia não é se colocar no lugar do outro, é entender o outro como ele é, respeitar, não julgar. Partindo dessa premissa fica fácil se abrir para as possibilidades de fazer o bem e se conectar verdadeiramente com as pessoas.
E quais são essas possibilidades? Elas estão presentes em atos de compaixão (amparo a quem sofre), em atos de solidariedade (doações e trabalhos voluntários), de generosidade (fornecer recursos ou ajuda para o outro crescer), de gentileza (elogiar, encorajar, sorrir, ter boa vontade para com o próximo).
O que expressa bondade?
A bondade é uma habilidade de natureza pró-social e como toda habilidade ela precisa ser desenvolvida. Exercitar a generosidade não é diferente de aprender a tocar um instrumento. É preciso praticar. Quando praticamos uma habilidade nova trabalhamos a neuroplasticidade cerebral formando novas conexões neurais. E quanto mais exercitamos, mais esses circuitos se fortalecem, e essa habilidade passa a ser um hábito na nossa vida. Quando a generosidade se torna um hábito, ficamos mais felizes, uma vez que ela promove o nosso bem-estar.
O que significa pequenos atos de bondade?
Existem muitas formas de fazer o bem. Mas levando em conta que precisamos de um empurrãozinho para pôr em prática, vou dar uma dica: pense nas suas habilidades, nos seus talentos, e em como você pode usá-los de forma altruísta. Por exemplo: se você toca violão, se ofereça para tocar em hospitais, se você cozinha, seja voluntário do sopão para moradores de rua, se você tem facilidade com crianças se disponha a contar histórias nos abrigos, compartilhe seus conhecimentos em projetos sociais, ajude um amigo que precisa, mas antes de tudo, seja gentil com as pessoas no dia a dia, sorria, agradeça, elogie, reconheça um bom trabalho, ouça com atenção, seja carinhoso, ofereça um ombro amigo, seda lugar na fila, segure a porta do elevador, pague um café, ligue para os mais velhos, faça uma visita, passe tempo de qualidade com as pessoas.
Fazer o bem é simples. Mas não é simplista. Faz toda a diferença no mundo.