Erika Januza abre o jogo sobre sua preparação para o Carnaval
Erika Januza celebra a mulher, a diversidade e talento feminino na avenida e dá detalhes exclusivos do carnaval e carreira para a L’Officiel Brasil
Erika Januza, Rainha de Bateria da Viradouro há três anos, traz para o Carnaval uma mistura de moda, cultura e empoderamento feminino. Com uma sensibilidade artística, ela homenageia mulheres empreendedoras de todo o Brasil, utilizando artesanato quilombola, como o capim dourado do Jalapão, em seus figurinos. Desde Hercilia Herculano, artesã mineira da palma barroca, até Ilana Ribeiro Cardoso e Dona Doutora, guardiãs da tradição quilombola, Erika destaca a força e a criatividade das mulheres que sustentam suas famílias com arte, levando para as ruas do Carnaval uma celebração da diversidade e do talento feminino.
A atriz contou com exclusividade para a L’officiel Brasil, sobre um pouco de sua preparação para o Carnaval e abriu o jogo sobre seus novos projetos. Confira!!
Quando e onde começou seu amor pelo carnaval?
Não sei te dizer, mas a minha sensação é que desde sempre eu amo o Carnaval. Eu amo o Carnaval e todas as suas manifestações, sejam os blocos de rua ou os desfiles de escolas de samba. Mas, ainda em Minas, quando criança, eu não perdia uma transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio. Eu podia estar em qualquer canto da casa que, ao ouvir a chamada Globeleza, eu corria pra perto da TV. A festa em si sempre me encantou. A alegria das pessoas, as fantasias, o samba... Acho que é um combo. E de alguma forma, acho que por eu gostar tanto e desejar participar daquilo, eu me sentia parte da festa. Em Belo Horizonte cheguei a desfilar, eu fiz parte da Corte Momesca. Quando comecei a desfilar no Rio, ainda como musa, foi um momento de realização, que me trouxe uma alegria imensa. Mas assumir o posto de Rainha de Bateria da Viradouro foi a realização de um sonho. E eu sou muito grata aos "Marcelos", da diretoria da escola. É uma imensa responsabilidade, acima de qualquer coisa, que vem com um sentimento profundo de gratidão e felicidade.
O que você faz para manter a boa forma de rainha de bateria?
Quando começam os ensaios, ainda no ano anterior, eu sempre penso: vou intensificar os treinos, balancear a alimentação... Mas esses planos acabam sofrendo um pouco com algumas mudanças de rota - mudanças bem positivas, inclusive. Eu geralmente estou trabalhando como atriz em algum projeto que acontece simultaneamente com o Carnaval. Então no final das contas, eu foco mesmo é na saúde e para ter gás, energia e fôlego para aguentar atravessar a Avenida com Samba no pé, alegria no rosto e o samba na ponta da língua. Todo ano eu procuro o meu médico, o Dr Alessandro Mitraud, que faz todos os exames necessários e que me acompanha até a reta final. E quando o dia do desfile se aproxima, eu intensifico as idas à academia e tento me alimentar de maneira mais equilibrada.
Como é desfilar na avenida e ter milhares de olhares para você?
Olha, essa é uma pergunta que me faz pensar sob uma outra ótica. A gente sabe que tem lá uma multidão. A gente vê. A gente sente! Mas a responsabilidade de atravessar a Sapucaí à frente da bateria e ter em mente o dever de fazer um desfile perfeito mudam um pouco a minha perspectiva. O público é uma parte importantíssima desse momento. Ele precisa ser contagiado, ele tem que estar com a escola, no mesmo compasso. Então eu encaro que o desafio não está muito em buscar a aprovação desses olhares, mas sim trazê-los conosco pois todos estamos num mesmo espetáculo. E durante a travessia, a emoção é tão forte que não dá muito para ter a dimensão daquela grandiosidade que é a Apoteose. Acho que nossos corações nos cegam um pouco.
Qual é a característica que não pode faltar em uma rainha?
Comprometimento. Posso falar por mim e pela relação que estabeleci com a minha escola. Mas eu entendi, logo que cheguei na Viradouro, que esse posto demanda envolvimento com a escola. Eu me aproximei muito dos ritmistas e passei a conhecer melhor a história das pessoas que formam a Viradouro. Os ensaios para mim são fundamentais e eu só falto se eu tiver trabalho. Assiduidade, respeito e entrega. Estar lá presente, de corpo e alma.
Qual parte do corpo fica mais dolorida no dia seguinte? E o que faz para amenizar o desconforto?
Geralmente os pés sofrem bastante, coleciono algumas bolhas - tem o salto e sambar exige muito - e quando a fantasia pede costeiro, o ombro sofre um pouco também. Por isso que estar saudável e disposta, com energia, é fundamental. Acho que o segredo é ter fôlego!
Mas nada disso atrapalha, deixa menos bonito ou prazeroso esse momento do desfile. Nada apaga a luz e a emoção de atravessar aquela Avenida, junto com toda a escola cantando numa só voz.
Possui alguma superstição ou ritual de boa sorte antes do desfile?
No dia do desfile eu tento deixar tudo bem-organizado, para que eu fique bem relaxada. Faço uma massagem corporal - isso faz muita diferença! A minha deste ano já está agendada. Além disso, começo a me arrumar bem cedo, com calma. Mas não abro mão, quando possível, de assistir aos outros desfiles. Como eu já contei aqui, eu amo Carnaval mesmo! E, claro, alimentação potente e muita hidratação.
Você pode dar um spoiler de como será sua fantasia e qual a sua expectativa para o desfile desse ano já que o samba-enredo tem por tema 'Arroboboi, Dangbé' que apresenta a força da mulher negra, através do culto à cobra sagrada e sabedoria africana e o que isso representa a Érika como mulher negra?
As minhas expectativas são as melhores. A escola vem com garra, com força. A gente vem para brigar pelo título. Todos estão com esse desejo, essa motivação. A minha roupa expressa o enredo, mas traz muito de mim também. Não vou dar muito spoiler não. Mas eu amei a minha fantasia e as escolhas feitas em sua concepção. Quem está produzindo é o Vitor Carpe.
Seu cabelo é belíssimo! Conta para a gente a sua rotina de Hair Care qual produto é o queridinho de sua prateleira?
Eu sempre gostei de cuidar do cabelo. Eu mesma. E a partir desse prazer do autocuidado, fui conhecendo e entendendo o meu cabelo cada vez mais. Fui testando produtos para hidratar, modelar... E tenho uma lista de produtos, que passam por cremes, óleos, gelatinas e pomadas que são meus aliados do dia a dia. Eu amo hidratar meus fios. E dedico um bom tempo fazendo isso, com calma, com carinho. Os meus produtos queridinhos são sempre as gelatinas de finalização.
Falando agora mais da sua carreira. Confirmada no elenco da terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, pelo Globoplay. Conta um pouco dessa experiência marcante que vem por aí nessa temporada.
A minha personagem foi ganhando um desenho dramatúrgico muito interessante ao longo das temporadas, que mistura força física e resiliência. Ela é uma profissional que não esmorece e suas tramas jogam luz em temas importantes que atravessam a realidade de uma mulher preta periférica. Arcanjo me trouxe a oportunidade de trabalhar com ação. E eu amei esse gênero. Amo fazer. Amo as cenas em que ela vai para o embate.
Erika, poderia nos falar um pouco sobre a personagem que você interpretará no remake da novela "Dona Beija", agora pela HBO Max? Tem alguma diferença da versão original para a de hoje e como se preparou para esse papel?
É uma versão. Eu não posso contar muita coisa ainda. Mas a trama é forte e mexe em questões como o racismo que vão tocar o público, certamente. O texto é profundo, tocante. E eu estou muito feliz em fazer parte desta versão de uma novela tão emblemática, que fez parte do imaginário de um público imenso.
E para finalizar, seu mantra para a vida é…
"Calada, vence!" Eu não sou de contar meus planos antes de eles estarem concretizados. Prefiro ter tudo 100% certo, encaminhado, antes de comentar por aí.